A importância da Greve Geral na sociedade capitalista
A greve geral é um importante mecanismo de resistência da classe trabalhadora. Muitos se incomodam com a greve, dizendo que atrasa o trânsito, o trabalho e a vida. Por este motivo falar sobre greve é sempre uma necessidade. Muitos teóricos nos ajudaram a pensar sobre a sociedade e suas mazelas. Neste sentido, inegável a contribuição do filósofo e sociólogo alemão Karl Marx na ampliação do entendimento sobre o sistema capitalista e seus principais objetivos. Marx escreveu com precisão sobre as questões relacionadas ao mundo do trabalho , dividiu a sociedade em duas categorias: aqueles que são os patrões (os donos dos meios de produção) e os que são os trabalhadores, donos apenas, da sua força de trabalho. O objetivo principal do sistema capitalista é produzir lucro. Este lucro sempre tem um destino bem específico, acumular e enriquecer os que detém os meios de produção. Esse acúmulo de riqueza capitalizado nas mãos de poucos é o que promove a desigualdade social. A pobreza e a miséria existem porque tem poucos que tem muito, e muitos que tem pouco.
Entre as diversas contribuições de Marx sobre o capital temos aquela que esclarece quem são os explorados e quem são os exploradores. O sociólogo reforça: todo assalariado pertence à classe trabalhadora. Muitos destes trabalhadores, quando recebem um salário razoável, ilusoriamente se consideram "bens de vida, quase patrões". Sabemos que mediante um querer do patrão, esse trabalhador pode ficar desempregado. Sem salário, fica evidente sua condição de fragilidade.
O sistema capitalista não perdoa, não pensa nas necessidades humanas, seu objetivo é sempre o acúmulo do capital, a partir da mão de obra do trabalhador. Ou seja, se é trabalhador é assalariado e explorado, portanto, peça chave nesta engrenagem do sistema.
O grande problema do sistema capitalista está no acúmulo dos bens para uma pequena minoria. Minoria esta que não aceita não ganhar rios de dinheiro, não aceita que sua margem de lucro diminua. Para consolidar permanentemente seus interesses, estão sempre regulando as regras sociais e também a política. É o sistema econômico, os grandes empresários quem regula e controla muitos dos rumos sociais. Um exemplo claro é o do empresário Joesley Batista, totalmente implicado em esquemas de corrupção com o executivo. Joesley goza de poder tal que mesmo envolvido em ações ilícitas é capa de revista tendo como título "o grande campeão nacional". O sistema político é sempre subalterno ao capital e é nesse ponto que voltamos a falar da greve e sua importância. Não é novidade que muitas empresas se neguem a pagar impostos aos governos ameaçando desempregar os trabalhadores, assim como é comum, governos deixarem de assumir compromissos sociais para atender a necessidades das empresas. No caso do governo federal, temos um exemplo bem específico em relação a previdência. O governo diz que há rombo neste setor, porém, perdoa dívidas altíssimas de grandes empresas como por exemplo, os bancos, exigindo que a conta seja paga pelos trabalhadores, retirando destes, seus direitos. Ainda em relação a riqueza produzida pela mão de obra do trabalhador, se este deixa de trabalhar, a riqueza não será produzida, logo diminui o lucro do patrão. Está aí a força da greve. Marx defendia a união da classe trabalhadora. Sua frase ecoa poderosa: "Trabalhadores do mundo, uni-vos!". O sociólogo tinha consciência da força dos trabalhadores. Se juntos resolvem parar a produção, o sistema não tem outra opção que não seja considerar a reivindicação destes trabalhadores. Por este motivo a greve é sempre um grande risco à classe dominante.
A última greve geral provocou um prejuízo de 55 bilhões. Esse medo da greve tem criado mitos e inverdades. Marx é injustamente chamado de doutrinador, sendo que sua teoria pretende exatamente o contrário, promover a desalienação da classe trabalhadora para que consciente e crítica, tome o poder. É esse o receio do empresariado e dos governantes que caminham tão fiéis ao capital. Promover a reforma do ensino médio, defender projetos como o da escola sem partido, para que alienada, a classe trabalhadora obedeça fielmente as leis do capital, sem titubear. Dia 30 de junho teremos greve geral, parar não é atraso de vida, pelo contrário, parar é atitude de uma classe trabalhadora altiva e consciente.
(Comentário produzido para a Rádio 9 de Julho)