SORTE OU INSULTO À MERITOCRACIA?

Às vezes, ouço até dos amigos a expressão que insinua de que eu tive sorte na vida! Interessante é que eu nunca ganhei nada que dependesse da sorte tais como rifas, sorteios de prêmios ou bingos!

Seria sorte por ter conquistado os melhores resultados nos vestibulares e concursos que fiz na vida? Se alguém acha isso, vamos lá. Até hoje eu nunca fui a uma festa que precisasse pagar a entrada e quando era adolescente eu juntava cada centavo para comprar os livros que pretendia ler. Meu irmão, que gostava de festas, me pagava para que eu fosse com ele, mas eu ficava do lado de fora esperando a sua saída! No outro dia eu corria para comprar novos livros!

Só comecei a namorar depois dos 20 anos de idade, pois a minha meta era fazer isso só depois que tivesse o meu 1º emprego e pudesse presentear as minhas amadas com o meu próprio dinheiro! Algumas paqueras me abandonaram nesse percurso, inclusive uma me largou porque disse que eu só falava de jornalismo e trabalho!

Até os meus 19 anos eu morava na zona rural, não tinha energia elétrica e estudava na cidade a noite. Acordava cedo todos os dias para trabalhar na roça de domingo a domingo. Nas noites que não tinham aula eu lia em casa sob a luz de velas. Até meus 20 anos de idade o único meio de comunicação que eu tinha na minha casa era um velho rádio de pilhas, através do qual ouvia as notícias, incluindo a “Voz do Brasil”, os jogos do São Paulo e até Fórmula 1.

Quando eu tinha folga nos domingos a tarde costumava fazer canteiros para plantar hortaliças. Aos 8 anos de idade eu fiz o primeiro plantio de cheiro-verde e tomate e fui vender no comércio local para ajudar na renda dos meus pais.

Meu querido pai e mãe são analfabetos, mesmo assim eu fui o 1º dentre todas as gerações a concluir o Ensino Médio, a fazer graduação e pós-graduação.

Fiz o Ensino Médio com habilitação em Magistério por um Colégio particular. Inicialmente aceitei varrer o prédio e todos os afazeres domésticos para poder estudar gratuitamente, mas depois as freiras descobriram que eu poderia fazer outros trabalhos mais intelectuais. O mesmo ocorreu com o meu curso de datilografia.

Se você acha que tenho sorte na vida. Eu posso dar a receita: Acordar cedo todos os dias, estudar muito, fazer boas amizades (junte-se a pessoas melhores e mais sábias que você, inclusive valorizando o conhecimento dos idosos) estabelecimento de prioridades e metas a curto, médio e longo prazo.

Talvez o que você veja como "sorte" eu interprete como um "insulto". Cada um tem a liberdade de pensar e concluir o que quiser!

MAS SE VOCÊ NÃO SABE AONDE QUER CHEGAR, QUALQUER CAMINHO SERVE! (Parafraseando Shakespeare).

(Ivan Lopes)