Porcos e Lobos.

(Teto Machado)

Era uma vez uma grande quantidade de porcos que achava viver em liberdade. Eram deixados circulando um extenso território, que aparentemente não possuía donos, mas estes espreitavam entre moitas e árvores, nas sombras. Eram lobos, espertos e famintos. Os porcos viviam "empreendendo", alguns agredindo a maioria e levando vantagem na disputa pelas migalhas e poucos alimentos do chão. Os melhores alimentados corriam mais rápido e sempre estavam na dianteira, impedindo a maioria de comer, deixando os demais passarem fome e definharem na força e velocidade. Os lobos não ligavam para os mais hábeis, porque intuiam que os mais fracos eram gerados pela ganância deles é, quando empreendiam uma caçada, os fracos eram suas refeições. Havia pois uma estranha e oculta aliança entre os porcos empreendedores e os lobos, na verdade, seus senhores. E a liberdade que achavam que tinham, era uma ilusão, pois eram livres para serem pasto dos lobos devoradores e esculacho de seus pares espertalhões.

Toda vez que políticos conservadores liberais, no poder ou em campanha, entoarem a cantilena da liberdade, do sucesso pelo mérito e na possibilidade de prosperidade para todos, saiba que isso é discurso de lobo. Empresários que usam a falácia da democracia liberal para retirar direitos, pagar migalhas em salários ínfimos, explorando até à exaustão, seus escravos modernos a assalariados, inclusive com aposentadorias tardias ou inalcançáveis. Tudo para acumular lucros cada vez maiores, enriquecendo uma minoria e empobrecendo milhões.

Na história dos povos, Estados sociais lograram sair da miséria, atraso econômico e tecnológico em poucos anos, enquanto que Estados Nacionais privatistas levaram séculos para avançarem nas soluções de seus problemas.

Na realidade, onde não existem oportunidades iguais para todos, só há a possibilidade de ser funcionalmente fraco, pobre, massa de manobra e pasto para o grande Capital.

Feito em contraponto a texto circulando na rede.