O MODO DE AGIR DOS VAMPIROS

Miguel Lucena

Existem vampiros de verdade e não apenas nas lendas oriundas do Leste Europeu. Eles são de carne de osso e vivem entre nós.

O vampiro se apresenta de várias formas: bajulador, pegajoso, censor, cobrador e carente. As máscaras encobrem um só objetivo: sugar a energia vital do alvo, no corpo de quem não entra porque não pode, mas, se deixar, ele se apodera da mente.

O bajulador causa até constrangimento de tantos elogios que faz à presa, até deixá-la desarmada, de guarda baixa, para ele encostar e sugar todo o sangue.

O pegajoso se faz de amigo e telefona mais do que gente ciumenta, como se fosse um GPS a acompanhar os passos do objeto de sua cobiça. Aparece do nada e se oferece, espera na porta da casa da vítima, quando não consegue contato telefônico, e vai emendando um pedido atrás do outro, uma espécie de amor exigente que não se contenta com nada.

O censor pode juntar os defeitos anteriores com a mania de dar pitaco em tudo, abre o guarda-roupa da vítima para checar se as roupas estão arrumadas corretamente, reclama de como o alvo come, anda, fala e se veste, sob o argumento nobre de fazer isso por gostar do alvo, porém a intenção é dominar e subjugar.

O cobrador chega logo chamando a vítima de “sumida”, como se a pessoa fosse obrigada a estar o tempo inteiro na sintonia e nos lugares preferidos do vampiro. “Quem é vivo sempre aparece” é o mantra. Depois, encosta e passa a jogar seus problemas em cima do alvo.

O carente vive sofrendo e precisando de colo. Telefona, cerca, pede a presença, destila seu sofrimento, economizando dinheiro com psicólogos e analistas. Passa a carga toda para vítima e vai embora aliviado, após a sessão de descarrego.

Todos nós temos capacidade de perceber a presença de vampiros. Quem nunca sentiu mal-estar com a aproximação de determinadas pessoas? Quem nunca se sentiu acabado depois de conversar com um vampiro? Ele suga tanto sua energia que o deixa prostrado e tenso.

Os vampiros só entram na nossa vida porque deixamos, por ingenuidade, pena ou crença religiosa.

Uma coisa que o vampiro não suporta é ser desmascarado. Quando ele se aproximar, diga: todos temos problemas, mais ainda quem está sendo bombardeado na Síria, e sempre há jeito para tudo, menos para a morte. Há pessoas que gostam de sofrer, se lamentar e, em vez de acender uma vela, amaldiçoam a escuridão. O vampiro sai correndo e vai se encostar no próximo besta que encontrar mais adiante.

Miguezim de Princesa
Enviado por Miguezim de Princesa em 05/05/2017
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