OS BAJULADORES
OS BAJULADORES
Miguel Lucena
“Xeleléu, ó xeleléu/O teu lugar tá garantido lá no céu!/Ó esse rapaz ainda morre de apanhar/Tudo que se faz ele corre e vai contar/Mais atrevido ainda arranja o chapéu/O teu lugar tá garantido lá no céu/Pode balançar, seu balançador/Pode anular, seu anulador/Tu pensas que és sabido/Mas tu és um xeleléu/O teu lugar tá garantido lá no céu.”
(Coronel Ludugero)
Quer conhecer um xeleléu, termo nordestino que se dá para bajulador, popularmente conhecido como puxa-saco, assuma um cargo de prestígio.
Gente que mudava de calçada quando nos via aparece do nada, descobre o nosso telefone e passa a nos assediar. Descobre a bebida de nossa preferência, o perfume, a roupa, a sandália, quanto calça cada membro da família, investiga a hora da caminhada para chegar junto e puxar assuntos de seu interesse.
Muitos são lobistas, alguns querem algum cargo melhor e outros se aproximam só para ter o gosto de contar que é “assim” com a autoridade.
Há psicopatas que agem também com o objetivo de usar o alvo para atingir objetivos escusos, mas com a capa de relevante interesse público e social.
Há os vampiros, que se aproximam para sugar a energia vital da pessoa-alvo por meio de várias artimanhas, sendo pegajoso, bajulador, censor, cobrador e carente em excesso.
Xeleléu é a pessoa subserviente, sem caráter, que faz de seu comportamento submisso e lisonjeador a maneira mais fácil de se aproveitar de alguém que lhe pode oferecer vantagens.
O bajulador causa até constrangimento de tantos elogios que faz à presa, até deixá-la desarmada, de guarda baixa, para ele encostar e alcançar o objetivo almejado.