Traumatismo sentimental
Desde cedo vivenciamos traumas. Na infância: pela falta de um brinquedo para divertir-se ou pelos maus tratos familiares, verbais e até mesmo físicos. Na adolescência: por uma decepção amorosa – quem não lembra das frustações do primeiro amor? - ou outros obstáculos desta fase da vida. Quando adultos: pela desesperança do futuro ou pelas lembranças doloridas do passado.
Quando observamo-nos, em um instante espetacular, desapontadamente não vemos o que desejávamos e nos entristecemos. E então pintamo-nos em um retrato, angustiante e, na maioria das vezes, real: “ricos” acometidos pelo mal da solidão ou “pobres” enfermos pela desilusão.
Carregamos o mundo nos ombros. Somos esponjas sentimentais – frágeis e limitadas. Somatizamos, infelizmente, todas as mazelas sociais. Dia após dia oramos para deixarmos, em qualquer lugar, ao menos um pouco desse farto repleto de histórias não felizes.
Poucos compreendem nossos desejos. Não seja culpa, talvez, da sociedade, pois vivemos em um tempo moderno tão corrido. Mal vemos o dia passar. São tantos afazeres: trabalhar, dar atenção aos filhos, cuidar de casa, dormir – quando e quanto dá -. Como poderíamos compreender o desejo dos outros se não temos tempo para compreendermos nem mesmo o que desejamos?
É meus amigos acredito que estamos na contramão da felicidade (triste constatação). Muitas atividades e pouca, ou nenhuma, alegria. Múltiplos artefatos supérfluos em uma breve passagem chamada vida. E o fluxo contínuo da ilusão não cessa, ficando cada vez mais desconexo das reais necessidades humanas.
É hora de refletirmos! Devemos parar de somar sintomas – raivas, rancores, amarguras, frustações - negativos. Devemos parar de multiplicarmos objetos artificiais apenas de valor material.
Agora vamos mudar essa conjuntura sentimental. Colocaremos todos os sentidos e sentimentos de modo congruente para a paz interior. Vamos subtrair as tristezas de alguém que necessite de apoio. Vamos dividir o sonho de um dia sermos indivíduos mais livres e completos. Enfim, neste momento, nossos traumas estão sepultados e moramos em uma sociedade feliz.
W. Fortunato