COMO NOSSOS PAIS
Com o passar dos anos, vamos percebendo como tudo no mundo é cíclico. Política, moda, religião, natureza humana... Chega um determinado momento de nossas vidas em que voltamos a ser aquilo que não mais éramos. Claro que com algum verniz, algum senso do contemporâneo, alguma muleta tecnológica. Mas, em essência, somos nós mesmos, “como nossos pais”.
O que não muda em nós é a nossa condição de ser humano, mesmo que tentemos negar isso a nós mesmos ou a um outro ser humano a partir de um julgamento pessoal, do preconceito, de uma visão do nosso “universo particular”.
O Brasil, nesse momento, contextualiza a sua tragédia anunciada, algo que tem gosto de déjà vu, mas o mundo lá fora está também nessa roda gigante, assim como nós, agora no olho do furacão.
Mas — perguntamos —, qual é a relação da política, do Brasil, do mundo com nós seres humanos? Perguntamos, mas no fundo já sabemos a resposta: sabemos que vivemos em um mundo fechado, em que não existe “fora”, que não existe mágica, que as coisas não se desintegram. Independentemente de quaisquer orientações religiosas, pragmáticas, niilistas que tenhamos, há uma lei sagrada — não em função do divino —, mas de você, do ser humano que você é. Essa lei é a lei do retorno.
Até hoje a humanidade, com toda a sua genialidade de milhares de gerações, não definiu a nossa origem: surgimos do ponto de vista cientificista ou do ponto de vista criacionista? Muita gente boa sabe que isso não mais importa. O que importa de fato agora é a nossa consciência de pertencimento ao todo, de que somos seres do Universo e, em especial, somos seres do Brasil.
Finalizo, informando que não tenho as respostas, não sei onde tudo isso vai dar, como vou passar a viver em um país desacreditado aqui e lá fora. A única certeza que tenho é a de que, sendo um ser humano, manterei o meu sentimento atávico, a presença dos meus ancestrais no trato das minhas convicções. Nas próximas eleições, vou estar segurando nas mãos dos meus pais já falecidos.