Paraíso na imprensa regional
Em 3 de dezembro de 1933, o histórico “Libelo do Povo”, impresso em São Sebastião do Paraíso, sob a direção do ilustre advogado e escritor José de Souza Soares, reservou sua primeira página para prestar uma homenagem ao transcurso do aniversário natalício do comendador José Honório Vieira. Muito mais importante do que o evento isolado em si mesmo, a história permite a percepção do cenário de uma época, para entender e explicar as instituições sociais e seus protagonistas.
Podemos retornar a esse evento da história local e regional graças ao registro feito em outro jornal, da vizinha cidade de Passos, intitulado “Correio de Passos”, que em sua edição de 10 de dezembro do mesmo ano, reproduz parte da reportagem publicada do jornal paraisense. Com base nessa fonte, reproduzimos o seguinte texto:
“Cerca-lhe o retrato com elevada apreciação aos dotes morais e cívicos do prestimoso varão. Data vênia subscrevemos, sem nenhuma restrição, a série de conceitos que o prezado colega da imprensa [referência ao Libelo do Povo] emitiu em nome da culta, próspera e hospitaleira terra paraisense. De fato, o homenageado tem sido uma das forças ativas e mantenedoras do admirável progresso do vizinho município. O nome do referido senhor está sempre ligado aos grandes empreendimentos daquelas venturosas paragens que muito devem ao boníssimo coração do venerando e apaziguador político. Prova irrefutável da extraordinária estima popular de que goza está nas manifestações que lhe foram feitas na faustosa data que relembra o seu natalício. De bom grado nos associamos às demonstrações de apreço tributadas ao abnegado missionário do Bem, a quem dedicamos estas linhas como um testemunho sincero do muito que o veneramos. Que o seu espírito filantrópico o bem orientado possa ainda, por dilatados anos, prodigalizar inestimáveis benefícios aquele formoso rincão.” (Correio de Passos. Passos, 10 de dezembro de 1933)
Em crônica publicada, em 26 de março do ano passado, neste Jornal do Sudoeste, destacamos que José Honório Vieira foi benemérito da Igreja Matriz de São Sebastião do Paraíso, motivo pelo qual foi agraciado com o título de comendador concedido pelo Papa. O fazendeiro e grande produtor de café de Minas Gerais foi líder político nos anos mais agitados que precederam o início da Era Vargas, quando presidia uma das duas vertentes regionais do antigo Partido Republicano Mineiro. Nesse momento da história, as paixões partidárias tinham chegado ao importante polo cafeicultor do sudoeste mineiro.