Appegação

Existe algo que, para alguns, pode ser um tanto desconfortável: conversar...

Hoje é tão natural você andar por aí com o seu celular repleto de apps de relacionamento, no entanto, eles funcionam mais como excitadores ou massageadores de ego para a pouca imaginação do sujeito, habituado ao efêmero.

A maioria, embora deseje realmente um envolvimento, tornar-se importante para alguém e fazê-lo tão relevante quanto, inaltera aquele joguinho da autosatisfação na expectativa de que o outro não fuja à regra.

Particularmente, eu sempre gostei de uma boa conversa, da troca de confidências, do olho no olho, do tempo dedicado para achar alguma conexão, dos sorrisos em comunhão, como preliminar para um posterior amor gostoso.

Mas o que perturba não estimula, correto?

E embora a internet possibilite que você conheça inúmeras pessoas, de tudo quanto é parte do mundo, é insuficiente para que, de fato, você as conheça.

E uma boa expressão para explicar isso é a denominada "solidão compartilhada", já ouviu falar?

É mais ou menos, por assim dizer, a construção e edição da própria identidade pela tecnologia, cheia de afetações, caso não apareça na medida, sem falhas ou excessos.

Para mim não há nada mais cansativo do que se conter, do que se esconder, do que se tornar automatizado...

Agora, o que muitos querem e buscam é o controle da situação, o "teclar" domesticável.

E esses apps, ironicamente chamados de relacionamento, só que mais voltados a encontrar alguém que lhe estimule sexualmente, uma companhia para não ir a algum lugar só, ou apenas para aumentar o círculo de "amigos" em redes sociais, longe estão de aprofundarem relações, a não ser que os seus usuários assim se esforcem e não fiquem somente nisso.

Mas, com certeza, é inegável, a tecnologia facilitou a nossa vida, tudo é muito mais prático e rápido, ao alcance dos dedos, podendo resolver questões de casa, confortavelmente acomodados.

No entanto, esses apps estabelecem uma espécie de bula ou manual, incentivando você a abstrair seu próprio jeito de ser, na tentativa de se enquadrar na rotatividade atrativa.

Ô, canseira!!!