OS ARMÁRIOOS ESTAO VAZIOS
OS ARMÁRIOS ESTÃO VAZIOS
É usual em nossa língua portuguesa a expressão “sair do armário” para caracterizar uma pessoa, homem ou mulher, que depois de algum tempo na clandestinidade resolveu assumir publicamente sua homossexualidade. O que no passado era fato raro, hoje é atitude comum e notória. Na atualidade se observa como uma atitude inserta no contexto diuturno de nossa sociedade as pessoas, celebridades ou não, assumindo claramente sua preferência homossexual.
Isto me lembra um colega, há mais de quarenta anos, que não escondia suas atitudes. Ele usava terno-e-gravata mas não escondia seus trejeitos afeminados e a maquiagem no rosto. Por conta disto outro colega, dono de um deboche cruel dizia-lhe “puxa, Pedroca, eu te admiro porque tu... desde o tempo em que... era feio”. Um comportamento enrustido como este, hoje não se vê mais, quando as coisas são reveladas às escâncaras. Na atualidade homens e mulheres, artistas e pessoas famosas estão “saindo do armário”, tornando-se homossexuais assumidos, conforme revelam suas biografias na Internet.
No passado, esse pessoal camuflava suas preferências sexuais, muitos deles até casavam com pessoa do sexo oposto para não constranger a família, os colegas, os superiores. Conheci uma garota, lésbica, iniciada por uma colega da faculdade, que terminou casando com um coitado para que a mãe, uma viúva ortodoxa, nunca descobrisse seu desvio. Depois que a velha morreu ela levou a farsa até o fim. Até onde sei o aspecto sexual do casamento foi um fracasso do começo ao fim. Nunca foi satisfatório. Tem gente que sublima suas tendências ingressando em conventos e casas do gênero.
Hoje está tudo diferente, mais solto e mais aberto. Ninguém faz questão de esconder nada. Todos estão saindo do armário... o casamento entre pessoas do mesmo sexo é coisa mais ou menos normal que nem choca os mais moralistas. Tenho um amigo que afirma que em poucos anos, nós teremos vergonha de ser héteros e vamos ser discriminados por isso.
Aposentados, minha mulher e eu vamos frequentemente aos shoppings fazer compras, desfrutar das cafeterias e passar o tempo. Pois é lá que se enxerga gente, homens e mulheres adultas, jovens e adolescentes que comprovam o mote desta crônica. É incrível o número de pessoas, cujos gestos não escondem suas opções, andando como namorados, abraçados, mãos dadas, aos beijos, falando alto de forma afetada. Acintosa e reveladora nos gestos e indumentária.
Ao contrário do que se falava no passado, fica a constatação de que hoje os armários estão praticamente vazios, não tem quase mais ninguém escondido...