FOI EU QUE FIZ OU FUI EU (QUE) QUEM FEZ?

Prólogo

Este pequeno texto destina-se aos estudantes, eternos aprendizes iguais a mim, e pessoas preocupadas com o bem falar e/ou escrever. Ora, sabemos de uma verdade incontestável: Trata-se de uma dúvida recorrente a utilização das expressões: “FUI EU QUE FIZ” e “FUI EU (QUE) QUEM FEZ”.

O meu conselho para quem quiser aprender um pouquinho mais sem jamais pensar em se transformar num sabichão ou sabichona (detesto essa palavra horrível. Na região Nordeste, de uma forma geral, há uma conotação pejorativa quando utilizamos o feminino de sabichão) será sempre: Pesquise, utilize bons dicionários e boas gramáticas, durma menos e estude mais.

Não existe a forma “foi eu”: o verbo precisa concordar com o sujeito (no caso, “eu”). Ninguém fala ou escreve “eu foi”, a não ser alguém sem noção do melhor siso.

PARA SEDIMENTAR ESSE APRENDIZADO... VAMOS CONJUGAR?

O certo será, então, escrever ou dizer:

– Fui eu que fiz.

– Foste tu que fizeste.

– Foi ele que fez.

– Fomos nós que fizemos.

EXPLICANDO MELHOR

O pronome relativo "que" não tem força de sujeito nessa oração e, portanto, o verbo deve concordar com o pronome que vem antes dele (no caso, o pronome é “eu” e a concordância será “que fiz”).

AGORA VOU MUDAR UM POUCO A FRASE

FOI EU QUEM FEZ OU FUI EU QUEM FEZ? COMPLIQUEI?

NEM TANTO! O “quem”, um pronome de terceira pessoa, tem um peso maior e o verbo deverá concordar com ele – independentemente de qual outro pronome aparecer antes. Portanto, o certo será dizer ou escrever:

– Fui eu quem fez.

– Foste tu quem fez.

– Fomos nós quem fez.

FALAR E ESCREVER CORRETAMENTE

Segundo a norma culta, você pode escolher entre qualquer uma dessas opções, só não pode misturar as duas. Seria (será) errado dizer ou escrever, por exemplo, “fomos nós quem fizemos” ou “fomos nós que fez”.

Mas é importante deixar algo bem claro (e isso tem sido amplamente defendido pelo Enem e por outros vestibulares): Essas regras obedecem, como demonstrado, à norma culta. No dia a dia, na utilização da linguagem coloquial, causa estranheza a forma “fomos nós quem fez”, enquanto é frequente e aceitável o uso de “fomos nós quem fizemos.”.

Já a expressão (“Fomos nós que fez” soa errado de qualquer jeito). Cuidado! Na linguagem coloquial é, até certo ponto, aceitável falar errado, mas na linguagem formal.... Aí tudo se complica. No Nordeste falamos "girimum", mas o correto é jerimum. Perceberam as diferenças?

Salvo outro juízo, entendo que o aprendizado progride mais rapidamente se todos nós, eternos aprendizes que somos, nos habituarmos a falar e escrever corretamente. Isso faz parte do bom senso.

CONCLUSÃO

Infelizmente o pouco ou nada ler, a desinformação, a utilização, pelos adolescentes, e alguns adultos do “WhatsApp”, “Facebook”, "Instagram" e outras redes sociais não ajudam muito no aprendizado da linguagem formal.

Observação pertinente e oportuna:

Na contexto deste texto eu utilizei a expressão “No dia a dia”, sem hífen, por ser a forma correta de escrita da locução. A locução “dia-a-dia”, com hífen, passou a estar (ser) errada desde a entrada em vigor do atual Acordo Ortográfico, em janeiro de 2009. Dia a dia pode ser uma locução adverbial ou substantiva, mas, isso já é outro assunto.

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NOTAS REFERENCIADAS

— Novíssima Gramática da Língua Portuguesa - Domingos Paschoal Cegalla;

— Moderna Gramática Portuguesa - Evanildo Bechara;

— 1001 Dúvidas de Português José de Nicola e Ernani Terra – Editora Saraiva;

— Guia Prático do Português Correto – Sintaxe – Cláudio Moreno – Editora L&PM Pocket;

— Assuntos Relacionados da Academia Brasileira de Letras;

— Papéis avulsos e outros rabiscos do Autor;

— Textos e anotações avulsas (Curso de Pós-Graduação) do autor que devem ser consideradas circunstâncias imparciais.