A SOCIEDADE EM SITUAÇÃO DE RISCO.
Quando diretora em uma instituição de atendimento para menores autores de infração penal, um deles me disse: dona diretora se eu fizer um assalto, eu ganho mais do que a senhora ganha em um mês aqui. Outro adolescente disse que não adiantava conselhos, atendimento psicológico, escola, nada. Ele gostava mesmo era de roubar. Em outra oportunidade, já aposentada, fazendo trabalho voluntário na antiga Prisão Provisória do Ahu, em Curitiba, um detento disse: a senhora não pode imaginar a adrenalina que é fugir e enganar a policia!
Estudiosos do comportamento humano, afirmam que a maioria dos infratores da lei, tem um componente psicopata. Tem prazer no que fazem e não sentem nenhum arrependimento pelos seus atos. Entretanto, nem todos os psicopatas tornam-se criminosos e praticam violência.
Diariamente temos noticias dos mais variados tipos de crimes, entre os quais, sequestro, latrocínios, assaltos de toda ordem, corrupção, tráfico de drogas, abuso sexual contra crianças , violência contra a mulher e muito mais. Tais ações não são praticadas apenas por indivíduos pobres mas também por gente de fina estampa (vide os políticos), gente bem nascida, escolarizada e até com diploma superior.
Diante de tantas ações divergentes me pergunto: o que leva um indivíduo a praticar crimes e violência de toda ordem? Sem contar com os desvios de personalidade e caráter tenho cá algumas reflexões que me ocorrem e ganham força nas ultimas décadas.
*A frouxidão dos limites por parte dos pais, influenciados pelas teorias psicológicas e pedagógicas que eclodem com força avassaladora na década de 1960. A palavra de ordem era desconstruir todo o passado com sua práticas educativas repressoras e traumatizantes. Abaixo os pais autoritários! Era proibido proibir. Muitos pais se perdem nessa nova ordem e rendem-se ao permitir pernicioso, formando pequenos ditadores e mais tarde, jovens e adultos sem limites. E para quem não tem limites não há moral. E o círculo vicioso vai se reproduzindo.
*Esgarçamento dos valores como ética, justiça, solidariedade, honestidade, paz e tantos outros. Os anti-valores como levar vantagem em tudo, a lei do menor esforço, o querer ter mais do que ser, tudo isso forma indivíduos sem compromisso com os valores que dignificam a existência humana. Os valores que são introjetados, na maioria das vezes, são aqueles passados pela mídia, aliás, anti-valores.
*Desigualdade social X sociedade de consumo: excluídos das politicas sociais básicas como educação formal, saúde, moradia decente, saneamento básico, emprego e trabalho,segurança e outras, mas expostos ao apelo massificador do consumo, da propaganda, da mídia nefasta, dos maus exemplos dos ídolos de pés de barro, crianças, adolescentes e adultos, são compelidos a desejar o que não podem comprar. Daí, para as atividades divergentes, é um salto perigoso, como o uso, abuso e tráfico de drogas, entre outras. Pablo Escobar, um dos maiores traficantes do mundo, disse certa vez que enquanto não visse toda a juventude americana sucumbida pelas drogas, não sossegaria. Parece que seu objetivo está sendo alcançado. Feliz da família que não foi atingida por essa praga. Grande parte da criminalidade e da violência está ligada ao tráfico de drogas, alimentado por muito daqueles que vão para as passeatas pedindo paz.
*Poder x ganancia: estamos vendo o poderio dos criminosos, afrontando a sociedade. Eles dão o seu recado: cuidado, somos poderosos. Voces tem que dividir o que tem conosco, na marra e na violência, nós também merecemos do bom e do melhor. E quanto aos nossos políticos, a ganancia e a luta pelo poder, passa de pai para filho. São maus exemplos em sua maioria.
Soluções? Temos que implementar as politicas sociais básicas, as politicas compensatórias com programas de inclusão social para indivíduos em situação de risco. Mas isto, é uma questão para outro ensaio. Mas se não pensarmos nisso, toda a sociedade está em risco.
A SOCIEDADE EM SITUAÇÃO DE RISCO