Reforma da Previdência e Greve Geral dos Professores
O momento é urgente para falar da Reforma da Previdência, neste caso, para uma classe específica que é a dos professores. Focará nesse público para evidenciar a importância da greve geral que está sendo organizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação, CNTE, a partir do próximo dia 15 de março.
O fim da aposentadoria especial prevê que os professores devam ficar em sala de aula no mínimo 15 anos a mais do que o previsto, devendo se aposentar com pelo menos 65 anos de idade. Ao ler nos períodicos e sites de notícias sobre o posicionamento dos professores sobre essa questão, as alternativas são diversas. Professores que tem dois cargos, dizem que se a reforma passar, irão exonerar de um destes cargos para suportar os anos a mais em sala de aula. Outros que estão próximos da aposentadoria, mas pretendiam trabalhar um tempo a mais para garantir a integralidade desse direito, pensam em aposentar já, mesmo ganhando menos. Outros, desgostosos com a possível mudança, mesmo gostando da profissão, pensam na possibilidade de abandoná-la.
Todas esses pontos evidenciam que a saída pensada por esses profissionais da educação precisam mudar de foco. No lugar de se adequar para favorecer e fazer valer a reforma da previdência, devem se posicionar em um frente de resistência para impedir que a reforma ocorra.
Hoje quem leciona para a Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, tem direito de adquirir a aposentadoria do INSS com 25 anos de contribuição e cinquenta anos de idade para as mulheres e trinta anos de contribuição e cinquenta e cinco anos de idade para os homens. A chamada aposentadoria especial à classe docente nem de perto é favoritismo. Quem trabalha na área sabe que a profissão ao mesmo tempo que é de importância inquestionável, exige do professor muita energia e tempo. A grande maioria dos docentes trabalha em mais de uma escola, prepara aulas aos finais de semana e precisa se fazer valer de um considerável manejo psicológico para ser um bom profissional. Em toda sala de aula, há uma grande diversidade de sujeitos, cada um com uma necessidade, com um jeito de aprender, com um histórico familiar diferente. Muitos desses alunos, a maioria, da escola pública, onde está a grande parte dos professores, chegam até a escola sem o capital cultural, como dizia o sociológo Pierre Bourdieu. Muitos desses alunos mesmo que tenham pais alfabetizados, pela vida difícil que esses levam, de muitas horas de trabalho, não tem a prática diária da leitura, ficando a cargo da escola ser a única responsável por esse capital cultural. Inegável que a classe docente é uma classe que deva ser cuidada. Inegável também, que a reforma da previdência da forma como está sendo organizada, tem como objetivo violar a democracia existente no país e acabar com todos os direitos da classe trabalhadora. Com esse cenário exposto, o momento é de união e luta de todos os trabalhadores pela manutenção de seus direitos.
Nesse sentido, o 33º Congresso da CNTE, realizado entre 12 e 13 de janeiro, aprovou o indicativo de Greve Nacional da Educação a partir do próximo dia 15 de março, na perspectiva de fortalecer a classe docente trabalhadora.
A mobilização da Confederação e entidades filiadas conta como principais reivindicações e não aprovação da reforma previdenciária e o cumprimento do piso salarial dos professores. A saída, não é exonerar de um cargo, tampouco, abandonar a profissão. A resposta está na necessária mobilização para reverter uma Reforma que só sucateia e desumaniza ainda mais todos os trabalhadores.