Dinheiro e foguetórios
Miguel Lucena
Sempre que eclode uma crise, como essa do sistema prisional, vozes começam a repetir por todos os lados uma palavra mágica: dinheiro.
É preciso mais dinheiro para financiar o sistema, sugere-se a vinculação de receitas, como na educação e saúde, e até mesmo a utilização de fundos de outras áreas.
A máquina pública brasileira é um saco sem fundos. Quanto mais recursos se destinam, os serviços ficam piores.
Na segurança pública, os investimentos são basicamente em viaturas e armas, porque são coisas que ficam bem na fotografia, e muito pouco em tecnologia.
Assim, as polícias ostensivas ficam andando de viaturas por aí, pegando o bandido que dá bobeira na esquina e nem imaginando que na loja mais adiante funciona o comércio de lavagem de dinheiro de um tubarão do crime.
O crime organizado movimenta 10 bilhões de dólares por ano, quase 1 bilhão somente no Distrito Federal, e o Estado comprando viaturas.
É preciso investir na Inteligência e nas polícias especializadas em investigação para quebrar as pernas do crime organizado em suas atividades legais, as lojas e restaurantes que pouco vendem e têm lucro exorbitante no fim do ano.
Os políticos, no entanto, querem mais dinheiro para obras que vão irrigar a próxima campanha, enquanto usam o Exército nas cadeias para acalmar o povo.