PRAZEROSA ESCRAVIDÃO AFETIVA
Prólogo
Todos sabemos de uma verdade cruel: A escravidão no Brasil se consolidou como uma experiência de longa duração que marcou diversos aspectos da cultura e da sociedade brasileira. O período escravocrata passou por várias fases e a lei Eusébio de Queiroz, de 1850, foi a primeira a proibir o tráfico de escravos para o Brasil.
Somente quase quarenta anos depois, em 1888, a Lei Áurea deu fim ao regime escravista brasileiro. Hoje não quero escrever sobre a história onde o trabalho braçal era visto como algo destinado ao negro. Neste primeiro dia do ano (01/01/2017) quero transmitir aos meus milhares de leitores uma mensagem que visa ensinar a conviver com outro tipo de escravidão não menos cruel para todos nós apaixonados. Escreverei sobre ESCRAVIDÃO AFETIVA.
DETALHANDO UMA ESCRAVIÃO AFETIVA
Uma relação que é mantida por estratégias de dominação de uma parte sobre a outra, impossibilitando a negociação de interesses individuais. Em outras palavras, quando um manda e outro deve obedecer cegamente.... Isso é escravidão afetiva! Esta definição é explicada com muita propriedade pela psicóloga e psicoterapeuta Maris V. Botari.
“Os relacionamentos saudáveis são aqueles onde há interação é facilidade, a compreensão é exercitada, onde todos cedem e todos sabem como pedir sem fazer exigências absurdas. Não é difícil vivenciar um relacionamento assim, mas é necessário destruir muitas crenças sobre a concepção de relacionamentos antes de tentar. ” (SIC) – (Maris V. Botari).
“Um mecanismo muito comum usado para estes fins é a chantagem emocional, que consiste em um conjunto de estratégias para criar culpa e remorso em alguém que não satisfaz os desejos e anseios dos outros. ” (SIC) – (Maris V. Botari).
MEU ENTENDIMENTO SOBRE ESCRAVIDÃO AFETIVA
Certa ocasião um amigo e sua jovem esposa reuniram outras pessoas de seus níveis socioeconômicos para celebrar 05 (cinco) anos de casamento. Segundo ele e sua consorte nesse casamento deles sempre houve: muito carinho, amor, compreensão, lealdade, respeito, fidelidade, harmonia financeira e afetiva etc.
Em quaisquer tertúlias logo se formam subgrupos entre os comensais. Procurei meu “bloco” e entre eles me senti à vontade, não apenas para conversarmos trivialidade, mas sobretudo para discutirmos um assunto muito sério: Longevidade conjugal!
Alguém próximo a mim (senhor Odilon) fez uma pergunta: “Qual seria o casal, aqui presente, com mais tempo de casamento? ” – Incontinenti pensei: “Será que ele quis dizer escravidão afetiva ao invés de casamento? ” – Pensei nisso porque um longo casamento, às vezes, se transforma numa prazerosa escravidão afetiva.
Escrevo “prazerosa escravidão” porque aqui mais uma vez encontrei eco positivo nas palavras da psicóloga Maris quando escreveu: “Os "escravos afetivos" são pessoas que amam demais e que não conseguem se desvincular desta relação de dependência afetiva. ” – Então eu amo demais porque desde 1967 estou com a mesma menina que à época estava com 13 (treze) anos e em 18 de janeiro de 2016 completou 63 (sessenta e três) anos.
Pode não parecer muito tempo permanecer cinquenta anos convivendo com uma mesma mulher, mas a isso podemos chamar, também, de dependência ou escravidão afetiva. Qual é esse meu segredo para uma duração afetiva tão duradoura? Ora, vi esse belo exemplo nos meus pais. Nunca os vi agredindo-se verbal ou fisicamente. Tampouco os vi em colóquios íntimos.
Discretos, eles aprenderam a conviver com os defeitos um do outro. Isso eu também aprendi! Faz-se extremamente necessário não ter medo de amar e de demonstrar o afeto em qualquer situação; isso sem desequilíbrios, é claro. Tal realidade curará o coração, enchendo-o de luz, esperança, afetividade e vida nova.
CONCLUSÃO
Ainda hoje escuto, em meus coloridos sonhos, meus pai e mãe (já desencarnados):
“Não esqueça dos nossos ensinamentos: As pessoas mais felizes não têm, necessariamente, as melhores coisas materiais. Elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos, escutam as melhores músicas, leem bons livros, relacionam-se com pessoas do bem e fazem de suas vidas discretas, mais simples, o castelo colorido de suas merecidas conquistas.”.
Também aprecio muito ler, quase todos os dias, como se fosse uma oração, dois períodos do saudoso médium Chico Xavier:
“Todas as coisas, na Terra, passam... Os dias de dificuldades, passarão... Passarão também os dias de amargura e solidão... As dores e as lágrimas passarão. As frustrações que nos fazem chorar... um dia passarão. A saudade do ser querido que está longe, passará.”.
“Dias de tristeza... Dias de felicidade... São lições necessárias que, na Terra, passam, deixando no espírito imortal as experiências acumuladas. ”. – (uma mensagem de Chico Xavier).
Enfim, o tempo é (será) o senhor deste escrito, de toda esta discussão, talvez, inútil que não levará a lugar nenhum. Com o tempo, você, leitor (a) amigo (a) vai perceber que para ser feliz com uma outra pessoa, você precisa, em primeiro lugar, não ser dependente dela. Claro que essa independência exige, às vezes, um alto preço social, familiar e conjugal.
Com o passar do tempo você aprenderá a gostar de você, a superar suas dificuldades, e, principalmente, a valorizar a quem lhe valoriza como gente e pessoa única no caricioso universo do criador. Não se esqueça jamais: Cuidando do seu jardim as borboletas virão até você.
Não será apenas nos seus sonhos e devaneios que existirão a plenitude da felicidade. Cuidando-se! Amando-se! Valorizando-se! Qualificando-se para se livrar das amarras da dependência afetiva negativa e sobremaneira da escravidão econômica você conquistará seu merecido oásis.
Seguindo estes simples conselhos acredite: Você encontrará não quem estava buscando, mas quem estava, há muito tempo, procurando por você! Mas, se você não quiser evoluir, ousar crescer, sair da mesmice obliterante, continuar na escravidão afetiva improfícua, todo esse escrito você pode, deve e precisa esquecer porque esta será (é) a melhor forma de estagnar no limitadíssimo mundo dos infelizes mortais.