Falácias do Separatismo no Brasil
Não nego que o separatismo é a única solução política quando diferenças étnicas e culturais sejam tão acentuadas que a solidariedade entre os povos diferentes não seja possível.
A África sofreu terrivelmente com a imposição de Estados e governos sobre povos radicalmente diferentes em costumes, tradições e formas de organização econômica.
Este contexto étnico não é nosso contexto. Não só não temos esta diferença como não temos um grupo étnico monopolizando poder e direitos em detrimento de outros como ocorria na ex- Iugoslávia.
A falsa ideia de regiões sustentando outras, a de que sozinhas teriam melhores condições de desenvolvimento, não se sustenta diante da interdependência que diversidade econômica do Brasil possibilita. O ferro de Minas é derretido no Rio, comprado por fábricas paulistas e estas vendem estes produtos para outras regiões do Brasil. Dando só um pequeno exemplo da nossa interdependência econômica. O gado das regiões Centro- Oeste alimenta não só exportações como abastece frigoríficos e industrias de alimentos no nordeste e Minas Gerais e estado do Sul.
Se o Brasil se dividisse cada novo país teria que importar do outro ex-estado ou de outro país. Cada um competindo e disputando mercados com a outra ao invés de se integrarem e repartirem o que arrecadam como impostos.
Seria possível Minas vender seus minérios tanto pra China quanto para o Rio de Janeiro. No caso, sendo os Estados países diferentes o Rio competiria com a China por preços melhores ou mais baixos conforme demanda. Rio ou Minas sairiam perdendo quando poderiam cooperar para o desenvolvimento comum se tivesse um governo comum.
A uma ideia falsa de que se separando do Brasil os corruptos ficariam do lado de lá da fronteira. Ora, corruptos estão distribuídos por todas as regiões. Com certeza, numa separação, continuariam a sacanear e roubar seu povo.
A crença de que a região Nordeste seria sustentada por outras regiões é de uma idiotice tremenda. Se há uma região que se prejudica seriamente em pertencer ao Brasil é esta, pois se produzisse o que consome ao invés de comprar de outras regiões brasileiras eles quebrariam São Paulo e Minas com certeza.
A produção petrolífera, agrária e de turismo no Nordeste é formidável. O Brasil deve ao Nordeste uma grande parte da riqueza produzida não só material como cultural. Literatos, cientistas, artistas e pessoas de notável proeminência política tornaram o Brasil mais rico do que conseguiria se tornar sem esta região. A mão de obra nordestina tornou possível São Paulo como conhecemos, somente tolos tem coragem de negar isto.
Deste equívocos todos que sustentam a infantilidade do separatismo no Brasil, o mais absurdo é a ideia de que a corrupção tem como origem um governo central localizado em Brasília e o de que o Nordeste e o Norte seriam um custo para outras regiões.
Termino com um experimento mental. Vamos aplicar a separação toda vez que encontrarmos desigualdades econômicas e sociais entre regiões. Minas Gerais teria pelo menos três países: região central-sul, Triângulo Mineiro e Vale do Jequitinhonha. Bahia então teria divisões conforme as sub-regiões agroexportadoras, industriais, turísticas e aquelas de subsistência. E podemos multiplicar estes exemplos.
O que teríamos no final das contas? Inúmeros países extremamente dependentes de outros países por serem extremamente especializados e regiões extremamente empobrecidas e falidas. Alguém se perguntaria um dia: temos a mesma cultura, o mesmo idioma e história não seria mais fácil se fossemos um só país cooperando, cada um com seu potencial, participando cada um com seu melhor ao invés de competirmos como rivais econômicos entre nós e outros países de outros continentes?
Ao fazer esta pergunta, anos e anos se passaram e diferenças artificiais, rixas, disputas de fronteiras e conflitos já poderiam ter efetivamente nos separado culturalmente e dificultar qualquer nova tentativa de reintegração.
Por isto considero de uma burrice muito grande qualquer defesa de separatismo no Brasil. É coisa de quem carece de qualquer visão econômica e política de longo prazo.