O DIVORCIO

O DIVORCIO

Plagiando um artigo do Arnaldo Jabor sobre o título de o Divorcio, aproveitei a ideia literária para adapta-la às minhas considerações sobre o tema e a sua antônimologia.

Perguntam-nos como conseguimos estarmos casado quarenta e sete anos com os mesmos cônjuges?

Primeiro cabe esclarecer, da minha parte, que tive dois casamentos. Quando eu tinha vinte e quatro anos, acreditando num amor e uma cabana, casei-me com uma donzela um ano mais moça, que confiou num conto de príncipe encantado. Já quando maduro, depois de vinte e cinco anos de casado, casei-me novamente, já com uma cinquentona, nas nossas Bodas de Prata; ao redor dos filhos e dos amigos da mesma idade que haviam se casado na mesma época. Neste ínterim, muitos dos que participaram do nosso casamento, quer sejam como os padrinhos do civil, religioso, parentes e alguns amigos já houvessem falecidos. Agora aos setenta e tantos anos, ainda tenho a coragem de me casar pela terceira vez, por ocasião das nossas Bodas de Ouro. Vocês estão convidados desde já.

Más, o divórcio leva grande vantagem sobre o casamento. Pois, vejo nos meus amigos já divorciados, que deixam a mesmice da cama, mesa e televisão, para os barzinhos com seus hepp auer, e seus últimos tragos de Whisky nas noites de cabarés e boates da vida noturna. Eles já não são mais cobaias das gororobas culinárias de suas ex-mulheres, frequentando os bons gourmets da culinária da moda. Sem falar nos seus desprendimentos de deixarem suas casas, com seus mobiliários antiquados e desbotados, muitas vezes herdados dos seus pais, em troca de nova moradia, com tudo novo e moderno, para seu deleite e atendimento das consultas sentimentais que lhes aparecem. Alguns divorciados ainda caem na armadilha daquelas más casadas que querem uma segunda chance, e consegue um bis em idem, como filme de je vous ai vu, cedendo à nova companheira tudo aquilo que fora negado a primeira; muitas vezes se submetendo a geração de novos filhos, dos seus choros, e assistência médica e acompanhamento escolar.

Voltando à pergunta inicial, como consigamos estarmos casado quarenta e sete anos com os mesmos cônjuges, a resposta é muito simples.

Nós vamos, pelo menos uma vez por semana, ao teatro ou show, e depois jantar fora, sem repetir o restaurante. Participamos de saraus literomusical, visitamos os amigos, viajamos ao menos três vezes ao ano. Jogamos baralho entre nos dois, variando entre buraco e tranca, perdendo e ganhando, rindo e reclamando, “brigando” e fazendo as pazes. Nunca dormimos de mau humor um para com o outro. E agora que estamos na terceira idade, com princípio de Alzheimer, às vezes ficamos dias sem tomar banho, elogiando a mesma roupa do último chuveiro. Somos sócios da farmácia, com nossos remédios contínuos, Cálcio, Sinvastatina, Esomeprazol, Puran, e pra meu rejuvenescimento um Tadalafila nas ocasiões oportunas.

José Francisco Ferraz Luz

CHICO LUZ
Enviado por CHICO LUZ em 16/11/2016
Reeditado em 16/11/2016
Código do texto: T5825477
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