Dois caminhos

Dois caminhos

A atuação perversa do “Estado” brasileiro é fácil de ser compreendida. Diante disto, dentro de uma sociedade consciente, os integrantes que sabotam nossos direitos, seriam sumariamente alijados do comando e jamais voltariam a ocupar cargos públicos por duas ou três décadas. No entanto, em nossa comunidade acomodada, eles montam os esquemas ilegais e como “castigo” abandonam o governo para gastar nossas divisas em festas regadas a caros vinhos e fantasiados com turbantes.

Acontece que nosso povo certamente possui menos de 2,5% de elementos capazes de perceberem os fatos que são camuflados atrás de manchetes suspeitamente estampadas em diversos veículos profissionais de propagação de informações.

Os demais 97,5% se transformam em dóceis cordeiros que no máximo emitem grunhidos sem repercussão capaz de intimidar os mentores das falcatruas que lesam nossas divisas. Tais elementos se dividem basicamente em três categorias:

1 – elevado grupo de eleitores honestos que passam a maior parte do tempo (num trânsito caótico) correndo atrás de empregos e mal conseguem ler placas de avisos. Quanto mais digerir informações prejudiciais que recebem exuberantes manchetes enganosas;

2 – enorme grupo dos adoradores do “santo byte” que consomem tempo, suas energias e capacidades sonhadoras em criações débeis no mundo virtual. Poderiam estar usando a poderosa rede eletrônica de comunicação na elaboração de processos de combate a este cenário que lentamente (nem tão vagaroso assim) degrada nossas qualidades de vida e pior: monta cenários nebulosos para o futuro de nossos herdeiros;

3 – pequeno grupo de aproveitadores que visam o lucro imediato e vendem “fórmulas mágicas” para superar as mazelas públicas que servem de adubo no surgimento de centenas de comunidades desprovidas de um mínimo de qualidade de vida. Tais artefatos apenas amenizam os incômodos por curto espaço de tempo, até que a “bolha” seja arrebentada pela miséria que contorna os “seguros” condomínios ornamentados dos bairros abastados.

Em volta disto tudo flutua o “Estado” dominado por gangues de “camisa branca” que já nem usam colarinho para serem confundidos com a galera massacrada. “Estado” que define a regra do jogo, fiscaliza e julga (em 99% dos casos a seu favor) os que solicitam seus direitos. “Estado” que arrecada impostos a partir da venda de alfinete de cabeça. Um montante que o cidadão comum (que tira zero na redação do ENEM e não sabe calcular 15% de múltiplos de 100 de cabeça) desconhece por falta de publicação de balancete transparente, que são camuflados em labirintos contábeis para justificar o “desaparecimento” de verbas sociais. Mais de 50% do montante chegam às contas bancárias dos signatários e deixam as áreas públicas (moradia, transporte, saúde, educação, segurança, outras) em situação deplorável, a nível de Haiti.

Tal cenário possui dois caminhos para ser mudado:

“Por bem” – quando a população conseguir chegar a 95% de votos nulos (em 50 anos?) e deixar de eleger “os mesmos” (difícil de escolher pois no cardápio só encontrarmos “os mesmos”). Além do mais, quando as “ortoridades” perceberem a aproximação deste índice, tornarão o voto opcional. Muitos habitantes escolherão a praia no dia das eleições e com isto, criarão a manchete: “sucesso da democracia. Só tivemos 0,5% de votos nulos e brancos entre os 2 milhões de eleitores presentes ao último pleito”.

“Por mal” – cidadãos maltratados ao longo de décadas perderão a paciência e começarão a invadir (em 3 anos?) todas as casas (ninhos de ratos) dos poderes de forma desordenada e as forças policiais (também vítimas dos desmandos governamentais) se engajarão ao movimento e nos ajudarão a desbancar as quadrilhas que se eternizaram no poder e nos conduzem ao fundo do poço (o tal túnel com uma lâmpada desabou faz tempo) de lama.

Este não é o melhor caminho pois cria condições para uma guerra civil com milhares de vítimas entre os inocentes desprovidos de comando honesto.

Mas como seguir o primeiro caminho se as principais entidades de credibilidade não levantam suas vozes para acertar o rumo desta nação à deriva no mar da imoralidade?

Haroldo P. Barboza – RJ/RJ – out/2016