Do Sargento Pepper a Pavlov

Não se chega à paz e à estabilidade sem um mínimo de justiça.

As potências nucleares e seus satélites, de quaisquer cores ou ideologias, não se dão conta disso. E permanecem submetendo os curdos, os afegãos, os palestinos, suas mulheres, crianças e idosos, os negros, populações na Ásia, na África, no Oriente Médio, no Terceiro Mundo – permanecem submetendo essas pessoas a condições de vida muitas vezes sub-humanas.

Convencidas de que, enquanto mantidos sob controle, tais contingentes humanos não se constituirão em ameaça à paz ou estabilidade.

Na hipótese de, ainda assim, essas populações representarem obstruções aos projetos de paz e estabilidade dos mais fortes, a solução recomendável ou definitiva seria o extermínio. Como parecem sugerir as ações de guerra perpetradas contras os palestinos na Faixa de Gaza e na Cisjordânia.

O que pode ser comparável à imbecilidade creditada a determinado político brasileiro segundo a qual “bandido bom é bandido morto”. Simplesmente porque não se consegue acabar com os bandidos apenas com o seu extermínio. Já que eles proliferam como baratas ou ratos, oriundos muitas vezes não só dos guetos onde foram concebidos e se desenvolveram como de locais mais apropriados, cercados de relativo conforto e adequadas situações de vida.

Estamos cansados de saber que “sem desequilíbrios sociais monstruosos, qualquer país será mais seguro e menos violento”. Como acontece na Suécia.

Chama o Pavlov. Ou o Olof Palme.

As condições de justiça não podem ser plenas para alguns e inexistentes para outros. Uma parcela mínima de justiça deverá estar ao alcance dos “outros”, ou a paz e a estabilidade alcançada pelos “alguns” serão apenas aparentes. Pois estarão permanentemente ameaçadas.

Os atos de terrorismo são insensatez. E, claro, hão de merecer sempre vigoroso e imediato repúdio. Não podemos nos conformar com crimes monstruosos. Cujas vítimas comumente são pessoas inocentes.

Enquanto estivermos desse lado. Só não sabemos como agiríamos se estivéssemos do outro.

Rio, 08/10/2014

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 28/10/2016
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