A transformação cultural de BH
Nacib Hetti
Uma capital que tem quinze projetos do Niemeyer não é uma cidade qualquer. Esse fato e outros eventos recentes estão caracterizando um evidente reposicionamento da nossa elite pensante. A recuperação do entorno da Praça da Liberdade para eventos culturais e de lazer, a revitalização das principais praças, a urbanização da Savassi e o projeto da “Via Albuquerque” são iniciativas que estão tornando a nossa BH uma cidade mais agradável. Os comerciantes da Antônio de Albuquerque estão tentando transformar sua rua em uma “Oscar Freire” mineira. Trata-se de mais uma opção para aqueles que gostam de fazer suas compras a céu aberto. O bairro da Savassi tem bons restaurantes, comércio sofisticado, prestadores de serviços e um ambiente acolhedor, com todos os apetrechos para incorporar o mesmo charme dos jardins paulistanos. Para completar foi inaugurada, no bairro, uma filial de um supermercado que é comparado com os melhores do país.
Ultimamente estamos observando um movimento cultural bastante intenso, como se a sociedade local, de repente, tivesse percebido a necessidade de correr atrás do tempo perdido, recuperando o status de cidade cultural, que de fato já foi. As evidências estão nítidas nos diversos espaços criados nos últimos anos. Os novos museus, a atividade das diversas fundações culturais, a nossa sinfônica e os espetáculos de bom nível, estão colocando Belo Horizonte no circuito cultural, com algumas exposições de artes plásticas antes disponíveis somente para quem viaja ao exterior. O surpreendente museu Inhotim, mesmo sendo em Brumadinho, está inserido nesse novo cenário cultural.
O bairro da Savassi tem uma freqüência socialmente eclética. Tem seus intelectuais frequentando as melhores livrarias da cidade; um ambiente jovial, com estudantes em todos os níveis, do curso primário até o universitário. O bairro atrai gente de toda a cidade, principalmente para os bons bares e restaurantes. Durante a semana a vida do bairro é voltada para a atividade econômica, com profissionais que trabalham nos escritórios da região. Os hotéis locais são os preferidos pelos empresários e turistas, desfrutando dos prazeres gastronômicos da cozinha mineira, da “comida de buteco” e do circuito das cafeterias.
Todas as iniciativas que estão transformando Belo Horizonte em uma cidade com vida cultural estão em compasso com os novos padrões de consumo de uma classe média intelectualmente ascendente. O ambiente agradável é fator preponderante para estimular aqueles que demandam ao mercado de produtos e serviços. As boas ideias estão criando um condicionamento salutar para as atividades culturais, irradiando um comportamento para contaminar outros bairros da cidade.