O SONHO DE SER PROFESSORA DE ESPANHOL
Há cinco anos ingressei na Universidade Federal do Ceará (UFC) e, desde então, aos trancos e barrancos, venho dando o melhor de mim, investindo na minha formação. Muitas vezes tive que abrir mão de coisas essenciais como, por exemplo, estar com minhas filhas. Às vezes, mesmo estando com elas fisicamente, não podia dar a atenção que mereciam porque precisava estudar.
Meu pensamento era: isso é uma onda, devo aproveitá-la. Não importa o quanto eu tenha que me dedicar, o importante é o que isso vai render para o meu futuro profissional que, inevitavelmente, beneficiará minhas meninas.
Venci medos, enfrentei situações das quais eu nunca imaginei que pudesse sair vencedora e me fiz de forte quando eu não podia mostrar o contrário, desde a experiência do ENEM, que não chega nem perto do que é concluir o curso.
E cheguei ao sonhado “último semestre”. Exausta, mas muito feliz! A cada linha do meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) uma emoção nova. Passa um filme na minha cabeça do tanto de esforço que eu tive que fazer para conseguir chegar até aqui. E eu me orgulho disso, claro. Passei 17 anos fora da escola, após cursar Técnico em Contabilidade e, de repente, sou professora de espanhol (atualmente atuando no Núcleo de Línguas da UECE, professora-bolsista).
Mas, como uma onda negra, devastando meus castelinhos de professora, recebo a notícia da tal Medida Provisória anunciada pelo governo (fora) Temer que trata da reforma do ensino médio e que, passando por cima de tudo o que planejei, de tudo o que sonhei, retira do currículo a obrigatoriedade do ensino do espanhol nas escolas.
Uma proposta que tumultuou a vida, atingindo uma infinidade de profissionais educadores que, assim como eu, têm suas preocupações e se veem agora perdidos numa onda de incertezas.
Difícil.