O Gari e o Médico
Outro dia ouvi um orador enaltecendo a profissão de médico, dizendo que esta é uma atividade santa. Naquele momento pensei: na verdade, todas as profissões são santas.E veio-me à cabeça a profissão de lixeiro.
Todo dia corre atrás de um caminhão mal cheiroso, recolhe da cidade o lixo produzido, impede a proliferação de insetos, roedores, bem como evita o entupimento de bueiros. Sem contar o risco que corre de adquirir doenças. Já repararam a disposição física e mental que deve possuir um lixeiro? Uma positividade em servir o público, agilidade e trabalho em equipe também são observadas em sua rotina diária. De uma forma resumida, ele tira o lixo da cidade para que ela fique limpa e bem cuidada, sem doença.
Quem conhece a história sabe muito bem o que pode causar a falta deste profissional em nossa sociedade moderna. Falta de saneamento, lixo e detritos causou mortes em larga escala, como na Europa do século XIV. Atualmente, questão do lixo é um dos mais preocupantes dos problemas ambientais.
Diga-me, você dá bom dia, ou cumprimenta o lixeiro que varre sua rua ou limpa o escritório onde você trabalha? Você alguma vez perguntou o nome dele? Infelizmente, porque ele não tem um Dr. na frente do nome, seu nome dificilmente é lembrado, ou mesmo percebido. Muitos são totalmente ignorados quando estão executando seus trabalhos. Devemos sentir gratidão pelo serviço que ele nos presta.
E o médico, o que faz? Ele retira a sujeira do corpo, para que o indivíduo fique “limpo” e bem cuidado. Fique livre de doenças. A boa medicina se adianta à sujeira do corpo, com a profilaxia. Ou seja, é o lixeiro do corpo.
O trabalho de um lixeiro é tão fundamental quanto de um policial, bombeiro ou médico. Mas infelizmente não é tão enaltecida quanto as outras. O lixeiro ajuda a cidade, o médico, o cidadão. O lixeiro cuida do espaço macro, o médico, do espaço micro. Então, qual das profissões pode-se dizer que é mais santa?