O QUANTO VALEMOS
O sistema capitalista no qual estamos inseridos especifica um valor para cada coisa com que precisamos lidar no dia-a-dia. Tal qual o rei Midas, tudo o que tocamos tem peso de ouro. Desse modo, existe um preço para tudo neste mundo de Nosso Senhor Jesus Cristo. Tudo nesse mundo, aliás, custa muito caro; tudo é taxado de acordo com a lei da oferta e da procura; tudo custa “os olhos da cara”.
Para nascer, por exemplo, é preciso pagar um alto preço. Especialmente quando as mães optam por ter seus filhos através de Cesarianas. Nascer, portanto, está pela “hora da morte” e o valor já é tão alto que, por não poder pagar o preço, muita mulher está parindo em qualquer lugar: dentro de ônibus, nos bancos das praças e até nas calçadas das maternidades, cujo interior seria o local mais indicado para uma pessoa chegar ao mundo.
Mas para morrer também não é barato. O valor pago para que alguém tenha direito ao descanso eterno pode chegar a uma verdadeira fortuna. Tudo vai depender da mordomia pela qual a família do morto estiver disposta a pagar. E com um agravante: tudo também vai depender do quanto o morto foi querido e quanto vai deixar de herança para seus sucessores.
A morte, inegavelmente, transformou-se em um comércio onde o faturamento é crescente ao ponto de os “papa-defuntos” travarem verdadeiras guerras diante dos hospitais e necrotérios para faturar com a morte alheia.
Mas que ninguém se engane, porque no intervalo entre nascer e morrer também não existe gratuidade. A palavra de ordem enquanto todos estão vivos é CONSUMIR. A prova disso pode ser testemunhada através da velocidade com que as pessoas desse nosso mundo capitalista trocam de aparelho celular. Mal saem da loja, o aparelho comprado já está obsoleto e mesmo sem apresentar qualquer defeito, já se faz necessário adquirir outro mais moderno.
Ora, o aparelho celular tem como principal finalidade efetuar e receber chamadas. Os aparelhos de hoje, porém, não só realizam as funções básicas para as quais foram fabricados, como oferecem outras possibilidades mais atrativas.
Assim, o celular ainda pode funcionar como câmera fotográfica, rádio, gravador, filmadora, TV, enfim, os aparelhos possuem tantas funções que as pessoas preferem “brincar” com eles invés de conversar com o olho no olho com o seu semelhante.
A necessidade de consumir aquilo que não se precisa, está levando o homem moderno ao ponto de valorizar demasiadamente a conta bancária do outro, em detrimento do seu caráter. No mundo atual, as pessoas estão valorizando mais o ter do que é o ser. A grande dúvida é saber quanto vale um ser humano.