Um espectro ronda a Maçonaria

Sobre o texto "Maçonaria... espectro do abismo geracional”... Houve uma desaceleração na atuação focando a realidade de seus objetivos... Como o próprio texto conclui... A falta de tempo... Interesse... Por exemplo, a Instituição teria por obrigação estar ao longo desses anos se infiltrada mais no combate à corrupção... Mais atento ao bem estar social... Na formação do Homem do amanhã... Etc... Um pouco que trabalhamos no passado transformamos a nossa Frutal em algo ainda mais fantástico e promissor... Uma Universidade... Até alguém poderia dizer: "Não foram vocês”... Foi sim... Nós a Loja que é Mãe e autora... Porém houve soma bem vinda... E houve outras obras benéficas á sociedade e região ao longo dos anos...

O que noto talvez seja que hoje os Irmãos mais jovens não estariam propensos a ficar gastando tempo com isto a exemplo do passado... Concluindo acho neste sentido o acelerador foi voltado um pouco para trás... NÃO só aqui, mas no Brasil todo... Concito aos Irmãos lerem o meu livro Síntese Histórica da nossa Loja e A Maçonaria Frutalense, ao longo dos anos. Onde traço uma Síntese do que se pode fazer ao longo de 30 anos, uma Loja Maçônica bem administrada e obediente aos seus princípios. Falando ainda sobre o combate a corrupção, que faz parte do bojo e conteúdo instrutivo da Maçonaria Universal é lamentável que a mesma não tenha delineado sobre o tema, mesmo porque deveria começar com os políticos, porem esses em maioria não se declaram maçons. Não sei por quais motivos. Oxalá não esteja também cumplices de alguma forma e maneira, principalmente na angariação de verbas de campanhas politicas, já que era praxe o cachimbo entortar a boca. Então falar em corrução por ai vai causar desconfortos.

A seguir passo um texto mais ou menos correlato que me fora enviado entre Irmãos, como segue, sendo pesquisa ou autoria de “Edgard da Costa Freitas Neto – 13 08 2016”

“Um espectro ronda a Maçonaria”. O espectro do abismo geracional.

Mas o que é o abismo geracional? Grosso modo, seria a distância nas diferenças de opinião entre uma geração e outra no que tange às crenças, à atitude política e valores [1]. Na Maçonaria ela é perceptível – apesar da ausência de trabalhos no Brasil que aprofundem esta questão – nas diferenças de visão entre os maçons mais jovens e os maçons mais velhos.

Crises decorrentes de diferenças de visão de mundo não são exatamente de uma novidade. A maçonaria especulativa moderna, à beira do seu tricentenário, já passou por outros conflitos ideológicos fortes, como, por exemplo, o conflito entre os Moderns e os Antients na maçonaria inglesa na segunda metade do século XVIII, entre os racionalistas e os místicos também no século XVIII, entre teístas e ateus no século XIX, entre revolucionários e conservadores em vários períodos históricos.

Haveria, então, uma diferença entre aquelas crises e a atual?

Os primeiros a chamar a atenção para essa questão (para variar) foram nossos irmãos do Norte. A Maçonaria norte americana se viu entre dois extremos do fim da Segunda Guerra Mundial à virada do Milênio. A greatest generation, que cresceu sob a depressão econômica e venceu os nazistas afluiu em massa para espaços de sociabilidade como a Maçonaria. Os seus filhos – os Baby Boomers – entretanto, não demonstraram nenhum interesse para tal, preferindo a via da contestação a viam como “velhos valores”.

Jay Kinney, em sua obra “O Mito Maçônico” (Record, 2010), destaca o que considera os obstáculos mais óbvios:

– O declínio das famílias nucleares;

– O desaparecimento gradual das esferas sociais separadas para homens e mulheres;

– O aumento na exigência de horas de trabalho;

– A perda da influência da religião organizada;

– A informalização da sociedade;

– A balcanização dos grupos de idade (pp. 327-328)

Colocando em bom português: Hoje as pessoas têm menos tempo livre, menos referências intrafamiliares ou sociais e menos disposição para atividades formais, preferindo ficar em casa assistindo TV ou jogando Pokémon GO.

O desafio que existe nos EUA é, também, perceptível aqui.

A última década um aumento considerável – falo sem conhecimento de estatísticas, partindo apenas da minha vivência – do ingresso de jovens na Maçonaria. Esta geração, nascida no fim dos anos 70 e no início dos anos 80 (Geração X) parece ser em boa medida formada por jovens que viveram na Ordem DeMolay nos anos 90 e 2000. Só que essa geração é uma de transição. Conviveu com as tecnologias analógicas e digitais. Com a Enciclopédia Barsa e com a Wikipédia. O desafio, agora, consiste em preparar a Maçonaria para a chegada de uma nova geração, aquela nascida nos anos 90 e 2000 (geração Y), já sob o signo da sociedade da informação.

Vejam como reside o problema. A Maçonaria pode ser percebida como um sistema de moralidade, velado por símbolos e ilustrado por alegorias. Ocorre que o debate que esta geração, propõe ocorre em outros termos. Enquanto as lições da Maçonaria giram em torno de Virtudes Teologais (Fé, Esperança, Caridade) e Virtudes Cardeais (Temperança, Fortitude, Prudência e Justiça), da boca da geração Y saem palavras que denotam outra linguagem moral: homofobia, machismo, gordofobia, preconceito, consciência social, politicamente correto [e incorreto].

Enquanto aquelas estão cada vez mais escamoteadas do debate público (a não ser quando ligadas às novas), essas ocupam espaço, adquirem significado (ainda que camaleônico), possuem valor e força compulsória.

Quando este dois sistemas de linguagem se encontram instaura-se um legítimo diálogo de surdos, e o conflito é inevitável. E os primeiros campos de batalha serão, provavelmente, as Ordens Paramaçônicas Juvenis (Ordem DeMolay e Ordem das Filhas de Jó), justamente as fontes de renovação da vida maçônica da última década.

E este campo de batalha, o do debate público, é precisamente aquele para o qual a Maçonaria deixou de se preparar.

E o saldo pode ser bastante negativo, já que a Geração Y vem adquirindo uma expertise cada vez maior no linchamento virtual coletivo [2].

“Ora, mas quem se importa se esses meninos mimados falam mal muito no Twitter?”. Bem, nós deveríamos se pretendemos que a Maçonaria sobreviva a nós (senão podemos começar a encomendar um novo lema: “Après nous le déluge”).

É preciso romper, antes, com dois preconceitos.

O primeiro é o preconceito contra a juventude, de achar que a nova geração é sempre um lixo em comparação com um passado idealizado. Desde os tempos de Sócrates [3] a geração mais antiga é pessimista com a geração mais nova.

O segundo é o preconceito contra a velhice, de achar que a juventude é “a época da rebeldia, da independência e do amor à liberdade”, e que, portanto, devemos confiar o futuro ao discernimento dos jovens como observou, mordazmente, o filósofo Olavo de Carvalho [4].

É bem verdade o que escreveu o filósofo José Ortega Y Gasset:

“O fato da rebelião [das massas] apresenta um aspecto ótimo; já o dissemos: a rebelião das massas é a mesma coisa que o crescimento fabuloso que a vida humana experimentou no nosso tempo. Mas o reverso do mesmo fenômeno é tremendo: vista deste ângulo, a rebelião das massas é a mesma coisa que a desmoralização radical da humanidade” [5].

Não é, portanto, uma tarefa fácil. É o trabalho de construir pontes entre as gerações. Só que as pontes são sempre via de mão dupla, de forma que, se as coisas boas passam de um lado para o outro, o lixo também pode passar, em ambos os sentidos.

As Ordens Paramaçônicas serão vitais nesta nova realidade. Nelas os Maçons poderão aprender a linguagem dos jovens, para poder melhor transmitir o seu legado para a construção de um futuro e a defesa dos valores perenes sustentados na Ordem.

“Isso não acontecerá, todavia, enquanto os maçons permanecerem imersos num mundo paralelo, desconectado do mundo real e recheado de mistificações autocongratulatórias com o seu passado, ressentimento com o presente e pessimismo com o futuro”.

Por: José Pedroso

Josepedroso
Enviado por Josepedroso em 16/08/2016
Reeditado em 24/03/2021
Código do texto: T5730693
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