MANCHETES SENSACIONALISTAS SUGEREM APENAS O DEBATE INÚTIL

A pressa em divulgar o “furo” jornalístico, muitas vezes, induz um veículo de comunicação a cometer o que se chama de “barriga”, uma noticia mal apurada, que acontece quando o relato não traz comprovações citadas pelas fontes. Por isso, há que se ter muita responsabilidade na divulgação de uma noticia, pois se os fatos que são confiados aos jornalistas, não condizem com a realidade, podem incriminar um inocente, num primeiro plano.

A imprensa da cidade de Patos, Paraíba, noticiou que uma mulher havia morrido por falta de atendimento do SAMU– em seguida choveram reclamações de internautas, através das redes sociais, indignados não apenas com a “omissão de socorro”, mas também porque foi excluído da matéria o nome do médico plantonista que, supostamente, não quis atender a vitima.

A lei fala do principio do contraditório e que todos tem direito a ampla defesa e a ser tratado com dignidade. Acredito que as retaliações em nada contribuem com esse debate. A justiça ainda é a seta da verdade, com seus mecanismos sociais e de mediação.

Sabemos que é recorrente, principalmente no jornalismo policial, a publicação do nome de pessoas acusadas de cometer delitos, antes mesmo de serem julgadas oficialmente. Essa prática vicejante acaba sendo capciosa, pois se absolvidas das acusações, como essas pessoas que tiveram seus nomes divulgados como criminosas, vão ter suas vidas restauradas?

É prerrogativa da imprensa, adotar o critério ético de só revelar o nome das pessoas envolvidas, quando tiver a certeza de suas participações no caso, seja alguém influente ou não. O que ela não pode é colaborar com a impunidade: escondendo informações, de forma negligente ou propositadamente, impedindo que a sociedade tire as suas próprias conclusões, a partir de informações responsáveis e isentas.

Antes de ser um jornalismo mal intencionado, em se tratando de web, talvez estejamos vivenciando um jornalismo preguiçoso, que não investiga, com propriedade; e que apenas replica as informações uns dos outros. E a guerra pelo clique pode prejudicar a credibilidade.

E o que é pior: execração pública do “acusado” pode se transformar em apologia ao crime, pois alimenta o horror... – E não venceremos a delinquência odiando somente o criminoso. – O melhor caminho seria atacar o sistema. E não esqueçamos que dele fazemos parte.

Misael Nobrega
Enviado por Misael Nobrega em 31/07/2016
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