Ponto de vista
“O pessimista reclama do vento,
o otimista espera que ele mude,
o realista ajusta as velas.”
(Sabedoria Chinesa)
Conta-se que era uma vez uma indústria de calçados no Brasil que, aproveitando-se das políticas de incentivo do governo ao comércio exterior, decidiu desenvolver um projeto de exportação de sapatos para a Índia.
Como se sabe, o consumidor é um dos principais fatores a serem considerados por uma empresa em fase de expansão a novos mercados. Assim, a presidência da empresa decidiu enviar dois de seus principais executivos a dois grandes centros comerciais, Nova Deli e Bophal, para análise do potencial de consumo.
Após alguns dias de pesquisa, um dos executivos enviou um e-mail para a diretoria no Brasil, relatando suas impressões: "Senhores, cancelem o projeto de exportação de sapatos para a Índia. Aqui ninguém usa sapatos”.
Sem ter conhecimento dos termos da mensagem enviada por seu colega, o segundo executivo encaminhou, poucos dias depois, a seguinte mensagem: "Senhores, tripliquem o volume exportável previsto em nosso projeto de sapatos para a Índia. Aqui ninguém usa sapatos, ainda...".
Adversidade
Recebi esta parábola pela internet e a identifiquei como exemplar para demonstrar como tudo, em nossas vidas, é uma questão de prisma, de ponto de vista. Possivelmente você já foi questionado sobre como enxerga um copo com água pela metade: encontra-se ele meio cheio ou meio vazio?
Ainda no ensino fundamental, nas aulas de Química, lembro-me de ser orientado a encontrar o balanço estequiométrico de uma equação (que indica a proporção de dois ou mais elementos numa reação química) através da técnica de “tentativa e erro”. Hoje, pergunto-me por qual motivo a referida técnica não se chamava “tentativa e acerto”...
Obstáculos surgem-nos a todo instante. E muitas pessoas devem a grandeza de seu caráter aos obstáculos que tiveram que enfrentar e vencer. Fluindo como a água, que contorna lentamente as condições desfavoráveis e que se move com vigor tão logo o curso certo se apresenta. Kant dizia: “Avalia-se a inteligência de um indivíduo pela quantidade de incertezas que ele é capaz de suportar”.
A vida tem educado meus olhos a ver a relatividade inerente a fatos e argumentos. Tem educado meus ouvidos a perceber a relevância de opiniões contrárias às minhas. Aprendi a defender com veemência meus pontos de vista, mas sem perder a flexibilidade. E aprendi que as pessoas raramente estão contra mim, mas frequentemente estão apenas a favor delas próprias.
Na prosperidade, nossos amigos nos conhecem; na adversidade, conhecemos nossos amigos. Para Victor Hugo, a adversidade produz homens; a prosperidade, monstros. De qualquer forma, a adversidade é necessária. Sem a oposição do vento, a pipa não consegue subir...
* Tom Coelho é educador, palestrante em gestão de pessoas e negócios, escritor com artigos publicados em 17 países e autor de oito livros. E-mail: tomcoelho@tomcoelho.com.br. Visite: www.tomcoelho.com.br e www.setevidas.com.br.