Um monstro adormecido

A história do atirador responsável por tantas mortes na boate gay de Orlando não assusta apenas pela possibilidade de que ele esteja ligado ao Estado Islâmico, pela espantosa facilidade em comprar armas nos Estados Unidos ou pelo fato de volta e meia ocorrerem crimes assim, em que um maluco(ou não) sai atirando em dezenas de pessoas em algum lugar público, matando e ferindo várias até se matar ou ser morto. Esta história assusta porque vemos que uma pessoa aparentemente insignificante pode ser um monstro adormecido, esperando apenas a oportunidade certa de atacar e causar estragos.

Segundo algumas informações, ele, filho de afegãos mas nascido nos Estados Unidos, já teria duas passagens pelo FBI, o que não o impediu de adquirir as armas com que efetuou os disparos. Isso mostra que nem o melhor sistema de segurança do mundo é perfeito, nenhuma fortaleza é impenetrável. Incrível também que ele tenha conseguido passar pela segurança da boate.

Quem era o atirador? Talvez alguém que não despertasse atenção especial de ninguém, uma pessoa que parecesse totalmente inofensiva. Com quantos monstros adormecidos não cruzamos por aí sem nos darmos conta? Nunca conhecemos realmente o ser humano. Ignoramos completamente os sentimentos e ódios que alguém carrega em seu interior que podem levá-lo a tais reações extremas, como a que agora causou tal comoção nos Estados Unidos e no mundo, capaz de levantar discussões acerca da tolerância em relação aos homossexuais, da facilidade em comprar armas nos Estados Unidos(o que com certeza será usado como lobby por Hillary Clinton) e da presença de muçulmanos em terreno americano(algo que levará a reações de islamofobia).

Nada se pode concluir com certeza absoluta do triste e chocante episódio, mas podemos dizer que temos de admitir que nunca é impossível que estejamos sujeitos a sofrer a ação de pessoas enlouquecidas assim que, na vida cotidiana, pareciam incapazes de fazer algo marcante ou extraordinário. O problema dos monstros adormecidos é que eles sabem se esconder muito bem.