ENTENDENDO A MENTE DO ADOLESCENTE.
Quem tem um adolescente na família muitas vezes não o compreende, a sociedade muitas vezes o critica, acham que a adolescência se resume a um período de rebeldia e só.
Mais do que um tempo de rebeldia, a adolescência é um período de extrema importância na vida de cada indivíduo. O adolescente mal compreendido por muitos é classificado como um rebelde, preguiçoso e muitas vezes é como se suas dores fossem invisíveis para o mundo adulto, que parecem ter se esquecido que já foram adolescentes um dia.
A adolescência compreende fases importantes do desenvolvimento humano, é justamente nesse período do ciclo vital que o indivíduo passa a ser o dono de sua história, o autor de sua vida. Se antes eram os seus pais que regiam a sua vida, tomando as decisões pelo filho, agora, no entanto, é ele quem escolhe por qual caminho trilhar e como trilhar.
Tudo aquilo que foi construído pelos pais, passa por um processo de desconstrução, onde o adolescente vai estar de frente com a sua própria vida e vai ver e analisar aquilo que não lhe cabe mais, aquilo que não é do seu agrado e aquilo que antes até lhe agradava, mas hoje em dia não lhe contenta mais. Após negar e rejeitar aquilo que não faz mais parte de si, ele estará de frente com o que sobrou, e terá a oportunidade de reconstruir-se dos escombros de acordo com a sua própria vontade.
Nesse processo de reconstrução, o jovem se vê sozinho, pois é necessário que faça suas próprias escolhas e tome suas próprias decisões. Mas era mais fácil quando tinha seus pais tomando as decisões por ele, pois eles sabiam o que era melhor para o filho, ou pelo menos achavam que sabiam. O adolescente pelo contrario não tem certeza de nada, não está habituado com certas escolhas e isso faz com que a adolescência seja um tempo de tentativas, erros, mudanças, descobertas, confusões, perdas e é também um tempo de se sentir perdido.
É um período complicado para o indivíduo, abrange diversas crises e o adolescente acaba sofrendo com tantas mudanças e transições. Às vezes para
fugir da dor acaba buscando algumas válvulas de escape, alguma coisa que tire a sua atenção de si, que o ajude a não pensar em si e em seus problemas, como por exemplo: dormir, assistir séries ou filmes o dia todo, navegar na internet, conversar com os amigos pelas redes sociais e pelos aplicativos do celular. Os pais ao verem isso acabam tendo um julgamento equivocado da situação, acreditam que o filho é um preguiçoso, quando na verdade é a sua dor que o mantem “prostrado”, deitado ou jogado no sofá. Não raro o mesmo indivíduo que ora se mostra “fazendo nada” é o mesmo que faz várias coisas: trabalhar, estudar, ir á academia, sair com os amigos e etc... Porque é preferível ocupar a mente com vários assuntos do que enfrentar os problemas que atormentam a sua mente.
É nesse período que o indivíduo tenta projetar no mundo aquilo que ele gostaria de ser, viver e/ou ter. Principalmente após uma desilusão amorosa, o jovem prefere mostrar ao mundo que está bem, está feliz e está curtindo a vida com frases de superação e alegria, mostrando que deu a volta por cima, mesmo quando na verdade está sofrendo com a perda.
Umas das tarefas empregadas ao adolescente é a busca pela sua identidade. Que só será possível com a autoafirmação do jovem como sujeito e o seu autoconhecimento, sem se conhecer o jovem não encontrará a sua identidade. Essa busca é lenta, um processo gradual. Dia após dia o jovem vai construindo sua identidade, enquanto constrói é comum que se olhe no espelho e ainda não saiba responder quem é, dando origem aos comuns questionamentos de cunho filosóficos, como: para que eu existo? Quem eu sou? Essas complexas questões existenciais são naturais neste período do ciclo vital.
Também é comum na adolescência a rebeldia, que não é como alguns pensam uma ruptura total e definitiva com os pais e/ou com a sociedade. A rebeldia é manifestada pelo jovem que precisa alcançar a sua autonomia, é um basta para a dependência infantil, que muitos pais insistem em manter. Quando o individuo atinge a autonomia pessoal, cessa a rebeldia.
Muitos pais negam, não admitem e não aceitam o desenvolvimento de seus filhos. Não conseguem conceber a ideia de que seus filhos estão crescendo e já não são mais crianças. Admitir o crescimento dos filhos é admitir que um dia os filhos irão deixa-los, e a ideia de que irão perde-los é
assustadora. Com isso acabam agindo de forma sufocante, vetando as decisões dos filhos e tentando resolver o problema deles, para negar a autonomia dos mesmos.
Admitir o crescimento dos filhos também significa para os pais que estão ficando velhos e precisam encontrar novas metas na vida familiar. Além disso, alguns pais antipatizam com os namorados e amigos dos filhos, porque sentem ciúmes deles. Essas atitudes só aumentam as formas indesejáveis de rebeldia.
Como então lidar com um adolescente que esteja passando pela rebeldia? Os pais não devem utilizar da sua autoridade de pai/mãe para oprimir o filho. Erroneamente, muitos pais utilizam do aforismo “porque eu sou seu pai” “porque eu sou sua mãe”, para validar suas decisões ou suas proibições. Sufocar os filhos não é a solução, essa superproteção é um equivoco e trás mais malefícios do que benefícios. Por outro lado o não exercício da autoridade paterna ou materna faz muito mal ao adolescente. É uma moda social que nasce da insegurança de pais que tem medo de serem tão rigorosos como seus pais foram quando eles eram adolescentes. Não dar limites para os filhos é tão prejudicial quanto dar limites excessivos. É preciso saber lidar com as situações de forma equilibrada, o uso da autoridade deve ser essencial, mas nos momentos certos e com sensatez. O adolescente precisa saber o porquê não pode fazer algo, ir a um determinado lugar ou sair com certa pessoa. E para finalizar, antes de criticar é crucial buscar entender o que está se passando com o adolescente, como ele está se sentindo, pois como disse anteriormente é um período de tentativas, erros, mudanças, descobertas, confusões, perdas e é também um tempo de se sentir perdido.