DAS MENTIRAS SEM FRONTEIRAS...
Dizem por aí que, nos últimos tempos, crescemos no nosso IDH.
Que vários cidadãos ascenderam para melhoria de vida e a isso comemoram o surgimento dum novo segmento de estratificação social: a classe C que, em última análise, seria o marcador imensurável do milagre cumprido, o de que a diferença entre "classes" sociais se atenuou entre nós, enfim, é o que nos contam...ou contaram...ou ainda contarão.
Seria mesmo?
Se alguém quiser constatar com os próprios olhos a veracidade ou não dessa promessa social que dizem cumprida, estiquem os olhos fotográficos, como faço vez ou outra, à nossa grande São Paulo, aonde as dificuldades sociais INACREDITÁVEIS se avolumam e não demarcam fronteiras da "indigência funcional".
Passeiem por ali e registrem suas impressões...
Sim, surge uma nova classe, a C, que nada mais é do que a classe média estratificada que desceu alguns degraus da escala da dignidade de outrora: classe sem emprego, sem moradia própria, sem saúde, sem educação, sem água, sem saneamento básico, com esgoto a céu aberto exalado ao ar, e sem voz!...tudo isso LOGO ALI, e que COM TODA DIGNIDADE DE SI MESMA ainda se vira nos TRINTA DIAS DO MÊS, para esticar o que consegue ganhar com iniciativa de trabalho autônomo, amadorístico muitas vezes, inclusive pelas ruas, os tal dos "freelancers da vida dura", MALABARISTAS DOS DUROS DESTINOS, que são computados nas estatísticas como "microempresários".
Por aqui, as mentiras não têm sequer as fronteiras do respeito pela sociedade que ainda patina para produzir impostos furtados.
Estamos todos nos mesmo barco...não se iludam! É mera questão de tempo...
A única diferença é que somos animais RACIONAIS, com obrigação de repensar o meio, nessa vida "osso duro de roer", cuja epidemia de ratazanas mais espertas nos anunciaram, AO MUNDO QUE ORA ACORDA, como milagroso progresso humanístico e sustentável...todavia, a nos raspar as últimas migalhas de dignidade, de esperança e de DIREITO CIDADÃO..
É o que sinto e registro.
Com o crédito de imagem e de inspiração de texto (que publiquei em rede) a dois cachorrinhos que encontrei pelo meu caminho das fotos pelo passado, ambos milagrosamente de destinos ainda bem distintos, posto que de fato, SEM FLASHS E SEM PALANQUES, alguém, apesar das dificuldades sociais, ainda acolheu a um deles, dentre tantas mentiras que ultrapassam todas as fronteiras...do razoável.
O outro, em silêncio gritante e com o olhar perdido para o nada...algo esfomeado e desnutrido, vagueia pelas ruas, emolduradas pelas calçadas rachadas do abadono pelo longo tempo,(como vemos grafados num templo de fé dali, 1824!) exatamente como tantos seres humanos, atualmente "jogados fora", pelas ruas das falácias empoderadas de nada.