Rui Barbosa e Ritchie! Dê tempo ao TEMPO...
Circulou por algum tempo uma GRANDE dúvida, que se solucionada, poderia resolver todos os problemas que vigoram em nosso combalido país! (pilhéria nossa...)
Seria verdade que, ao contrário do que muitos cantam, o trecho da música “Menina Veneno” imortalizada por Ritchie diz “um abajur cor de carmim” ao invés de “um abajur cor de carne”?
"Menina Veneno"' é uma canção de Ritchie, cantor e compositor inglês radicado no Brasil, escrita em parceria com o letrista Bernardo Vilhena e lançada no ano de 1983 no álbum Voo de Coração, pela gravadora CBS (selo Epic), (atual Sony).
Em dezembro de 2013 (sabe-se lá por qual motivo...), uma história apareceu no FACEBOOK afirmando que todos os que cantarolavam a canção estariam fazendo de forma errada em alguns trechos.
Segundo este texto que até hoje circula pela rede social, a letra correta menciona um “abajur cor de carmim” e não “um abajur cor de carne” como muito afirmam.
Uma fã da canção questionou veementemente através o perfil do cantor no twitter: “Afinal! O abajur é cor de carne ou cor de carmim?“.
O compositor da canção foi incisivo em sua resposta: “Isto é ridículo! Eu ensinando uma brasileira a falar sua própria língua! Chegou a esse ponto?... Não poderia ser carmim haja vista já que o acento da melodia é na primeira sílaba... Afinal, a palavra 'carmim’ é oxítona e não se encaixaria na melodia de Menina Veneno!".
Meia noite no meu quarto
Ela vai subir
Ouço passos na escada
Vejo a porta abrir
Um abajur cor de carne
Um lençol azul
Cortinas de seda
O seu corpo nu
Rui Barbosa deve ter se revirado no túmulo, pois, depois de ter representado o Brasil na Segunda Conferência da Paz de Haia, ensinando alguns ingleses a falar inglês, decorrido tanto tempo tem de ouvir isso.
Para a missão, o barão do Rio Branco, à época ministro do Exterior no governo Afonso Pena, convidou Rui para chefiá-la. Segundo Albert Geouffre de Lapradelle (1871-1955), famoso professor francês de Direito Internacional, “graças a Rui Barbosa, defensor do direito, o Brasil sai engrandecido, ante o mundo, da Segunda Conferencia de Paz.”. Discursando em inglês, expos e defendeu posição brasileira na Segunda Conferência da Paz de Haia (sendo alcunhado como A ÁGUIA DE HAIA, pela perspicácia, conhecimento, poder de persuasão, dinamismo e domínio do idioma inglês!!!), ao saber que um inglês, no Brasil, chamou atenção de brasileiros pelo uso de sua própria língua.
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Ousei analisar esta parte da letra da canção e deduzi que o poeta que redigiu esta letra foi muito feliz, tanto na explicação do por que não poderia ser utilizado CARMIM ao invés de CARNE, se abstendo em lançar mão de justificar a utilização pelo lado poético!
Afinal, o personagem da canção, em plena meia noite, assim acredito, um tanto quanto sonolento, ouviu passos na escada que dava acesso ao seu quarto, viu a porta se abrir e detectou em sua sonolenta visão, envolvido em um lençol azul farfalhando entre cortinas de seda, um corpo nu, que poeticamente comparou a um abajur cor de carne! Lirismo, sensualidade e percepção acima de qualquer suspeita!