O EU NEGRO ... 13 DE MAIO
A abolição da escravatura foi em 13 de maio de 1888, portanto a 128 anos. Então tem gente por ai viva que nasceu neste período. Mais que pessoas, existe a cultura do servo, subserviente, pronto para ser explorado. Atualmente é certo que este pensamento foi diluindo na sociedade, mas ele continua intrínseco na cultura nacional.
Independente de vontade, na criação, formação das mentes em escolas do final do século 19 e início do século 20, pairava a cultura da divisão das raças e a afirmação de uma raça superior e mais forte. Esta raça podia matar, estuprar as mulheres dos vencidos e adotar ou matar seus filhos. Tirar suas terras, propriedades e negar toda a cidadania para os vencidos. Tempos brutos, mas vivia-se na brutalidade. Comum ao homem que escravizada a muitos anos a própria mulher.
Considerando a competição em função do trabalho, várias empresas, microempresas surgiram neste fluxo de aperfeiçoamento das técnicas de trabalho, quem estava preso ao legado de cidadão de terceira classe não teve a mínima possibilidade de acompanhar o avanço e em consequência não teve a possibilidade de gerar uma herança para suas gerações futuras. Seja uma herança financeira ou cultural.
Somente em 1943 - não só para os negros, mas para toda a classe trabalhadora - iniciou o processo da verdadeira abolição da escravatura com a CLT que surgiu pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1 de maio de 1943, sancionada pelo então presidente Getúlio Vargas, unificando toda legislação trabalhista existente no Brasil. Em 1945, os brasileiros reencontravam-se com a democracia e elegeram o general Eurico Gaspar Dutra, o candidato do Partido Social Democrático, como Presidente da República. Era o início de um regime democrático que duraria 19 anos, sobrevivendo entre diversas crises políticas.
Estes dois eventos surgiram, não por coincidência, durante a segunda guerra mundial, onde foi verificado o erro da cultura das raças, maximizado pelos assombros advindos da perseguição nazista. Mas a cultura continuava intrínseca e as heranças perdidas.
É correto dizer que hoje vivemos uma época de acertos nas relações humanas em âmbito social, mas por anos vivemos em propaganda das formas desejadas para o sucesso que se iniciou desde a Grécia Antiga - ou antes dela - com suas estátuas de deuses e personalidades destacadas. Em grande parte odisseias, propaganda visual, cultural, formadora de estereótipos vencedores.
A sociedade se encontra em uma fase de absorção de conhecimento em tempo recorde. Não vemos mais as ações de forma inocente. Criticamos, analisamos as possibilidades e intenções inclusas, somos adolescentes críticos em uma nova realidade.
Neste novo contexto o negro se vê lançado no mercado de trabalho sustentado, entre outras forças, pelas cotas. As cotas raciais surgiram nos Estados Unidos da América, no ano de 1961, sob a presidência de John Kennedy, como uma forma de ação afirmativa voltada para combater os danos causados pelas leis segregacionistas que vigoraram entre os anos de 1896 e 1954, as quais impediam que os negros frequentassem a mesma escola que os brancos americanos e acabaram em 2003.
Na tentativa de superar as desigualdades socioeconômicas e alcançar uma maior equidade social, o Brasil adotou no ano de 2000, o sistema de cotas nas universidades.
No Brasil as cotas começaram no Estado do Rio de Janeiro, que foi pioneiro no país em adoção do sistema, aprovou a Lei N.º 3.524/00, que garantia 50% das vagas nas universidades do estado para estudantes das redes públicas municipais e estaduais de ensino.
A citada lei passou a ser aplicada como uma ação afirmativa que visava recompensar determinados grupos sociais que foram prejudicados no decorrer da história, promovendo um processo de inclusão social.
Buscando medidas de combate à exclusão e a desigualdade sofridas pelas minorias étnicas, o Rio de Janeiro inovou mais uma vez ao aprovar a Lei Estadual N.º 3.708/01, que instituiu 40% das vagas disponíveis aos candidatos beneficiados pela Lei N.º 3.524/00 seriam para os estudantes autodeclarados negros ou pardos.
Assim como no EUA as cotas no Brasil deverão acabar. Mas fica claro que as cotas não são para negros e nem iniciaram para negros, mas o que muitos desejam é que acabe para negros e imaginam que é exclusiva para negros, definitivamente opiniões sem a leitura dos eventos, geradas por ódio.
As cotas para negros devem acabar. Ainda mais que todos os anos recebemos novos negros, advindos da África e outros pontos do planeta e que não carregam a história nacional. Mas as cotas para índios, estudantes de escolas públicas, não. Pois os índios, verdadeiros donos da terra, necessitam deste incentivo e cotas para estudantes provenientes de escolas públicas beneficia a valorização destas escolas e gera oportunidade para 80% de negros que chegam na idade universitária tendo seus estudos em escolas públicas.
Ser negro no Brasil é definitivamente uma particularidade dentre o resto do mundo. Assim como cada Pais tem suas particularidades, temos a nossa. Pensar apenas no negro como desprivilegiado é um erro, pois hoje temos miseráveis de todas as raças e negros ricos. Mas é sempre bom lembrar que as afirmações do passado ainda estão bem presentes e tenho como exemplo um momento em que uma mulher, tentando me impressionar, interessada em minha companhia dado a minha condição financeira, me chegou com a única coisa que poderia me causar um efeito positivo ao lhe conceituar:
- Eu tenho um filho, loiro, lindo de olho azul com cinco anos - definitivamente predicados que o coloca em vantagem logo no nascimento -, e eu respondi:
- Lindo! - Bem, nestes momentos nem passa pela cabeça pré-conceito ...
Por: Antonio C Almeida
A abolição da escravatura foi em 13 de maio de 1888, portanto a 128 anos. Então tem gente por ai viva que nasceu neste período. Mais que pessoas, existe a cultura do servo, subserviente, pronto para ser explorado. Atualmente é certo que este pensamento foi diluindo na sociedade, mas ele continua intrínseco na cultura nacional.
Independente de vontade, na criação, formação das mentes em escolas do final do século 19 e início do século 20, pairava a cultura da divisão das raças e a afirmação de uma raça superior e mais forte. Esta raça podia matar, estuprar as mulheres dos vencidos e adotar ou matar seus filhos. Tirar suas terras, propriedades e negar toda a cidadania para os vencidos. Tempos brutos, mas vivia-se na brutalidade. Comum ao homem que escravizada a muitos anos a própria mulher.
Considerando a competição em função do trabalho, várias empresas, microempresas surgiram neste fluxo de aperfeiçoamento das técnicas de trabalho, quem estava preso ao legado de cidadão de terceira classe não teve a mínima possibilidade de acompanhar o avanço e em consequência não teve a possibilidade de gerar uma herança para suas gerações futuras. Seja uma herança financeira ou cultural.
Somente em 1943 - não só para os negros, mas para toda a classe trabalhadora - iniciou o processo da verdadeira abolição da escravatura com a CLT que surgiu pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1 de maio de 1943, sancionada pelo então presidente Getúlio Vargas, unificando toda legislação trabalhista existente no Brasil. Em 1945, os brasileiros reencontravam-se com a democracia e elegeram o general Eurico Gaspar Dutra, o candidato do Partido Social Democrático, como Presidente da República. Era o início de um regime democrático que duraria 19 anos, sobrevivendo entre diversas crises políticas.
Estes dois eventos surgiram, não por coincidência, durante a segunda guerra mundial, onde foi verificado o erro da cultura das raças, maximizado pelos assombros advindos da perseguição nazista. Mas a cultura continuava intrínseca e as heranças perdidas.
É correto dizer que hoje vivemos uma época de acertos nas relações humanas em âmbito social, mas por anos vivemos em propaganda das formas desejadas para o sucesso que se iniciou desde a Grécia Antiga - ou antes dela - com suas estátuas de deuses e personalidades destacadas. Em grande parte odisseias, propaganda visual, cultural, formadora de estereótipos vencedores.
A sociedade se encontra em uma fase de absorção de conhecimento em tempo recorde. Não vemos mais as ações de forma inocente. Criticamos, analisamos as possibilidades e intenções inclusas, somos adolescentes críticos em uma nova realidade.
Neste novo contexto o negro se vê lançado no mercado de trabalho sustentado, entre outras forças, pelas cotas. As cotas raciais surgiram nos Estados Unidos da América, no ano de 1961, sob a presidência de John Kennedy, como uma forma de ação afirmativa voltada para combater os danos causados pelas leis segregacionistas que vigoraram entre os anos de 1896 e 1954, as quais impediam que os negros frequentassem a mesma escola que os brancos americanos e acabaram em 2003.
Na tentativa de superar as desigualdades socioeconômicas e alcançar uma maior equidade social, o Brasil adotou no ano de 2000, o sistema de cotas nas universidades.
No Brasil as cotas começaram no Estado do Rio de Janeiro, que foi pioneiro no país em adoção do sistema, aprovou a Lei N.º 3.524/00, que garantia 50% das vagas nas universidades do estado para estudantes das redes públicas municipais e estaduais de ensino.
A citada lei passou a ser aplicada como uma ação afirmativa que visava recompensar determinados grupos sociais que foram prejudicados no decorrer da história, promovendo um processo de inclusão social.
Buscando medidas de combate à exclusão e a desigualdade sofridas pelas minorias étnicas, o Rio de Janeiro inovou mais uma vez ao aprovar a Lei Estadual N.º 3.708/01, que instituiu 40% das vagas disponíveis aos candidatos beneficiados pela Lei N.º 3.524/00 seriam para os estudantes autodeclarados negros ou pardos.
Assim como no EUA as cotas no Brasil deverão acabar. Mas fica claro que as cotas não são para negros e nem iniciaram para negros, mas o que muitos desejam é que acabe para negros e imaginam que é exclusiva para negros, definitivamente opiniões sem a leitura dos eventos, geradas por ódio.
As cotas para negros devem acabar. Ainda mais que todos os anos recebemos novos negros, advindos da África e outros pontos do planeta e que não carregam a história nacional. Mas as cotas para índios, estudantes de escolas públicas, não. Pois os índios, verdadeiros donos da terra, necessitam deste incentivo e cotas para estudantes provenientes de escolas públicas beneficia a valorização destas escolas e gera oportunidade para 80% de negros que chegam na idade universitária tendo seus estudos em escolas públicas.
Ser negro no Brasil é definitivamente uma particularidade dentre o resto do mundo. Assim como cada Pais tem suas particularidades, temos a nossa. Pensar apenas no negro como desprivilegiado é um erro, pois hoje temos miseráveis de todas as raças e negros ricos. Mas é sempre bom lembrar que as afirmações do passado ainda estão bem presentes e tenho como exemplo um momento em que uma mulher, tentando me impressionar, interessada em minha companhia dado a minha condição financeira, me chegou com a única coisa que poderia me causar um efeito positivo ao lhe conceituar:
- Eu tenho um filho, loiro, lindo de olho azul com cinco anos - definitivamente predicados que o coloca em vantagem logo no nascimento -, e eu respondi:
- Lindo! - Bem, nestes momentos nem passa pela cabeça pré-conceito ...
Por: Antonio C Almeida