INTERVENÇÃO MILITAR E UMA RESPOSTA EVASIVA
Prólogo
"O que me preocupa não é nem o grito dos corruptos, dos violentos, dos desonestos, dos sem caráter, dos sem ética... O que me preocupa é o silêncio dos bons." – (Martin Luther King).
Não faz muito tempo encontrei no calçadão da Rua Cardoso Vieira, sito em Campina Grande/PB, um ex-soldado que serviu à Pátria na mesma OM (31º BI Mtz) em que eu era, à época, 2º sargento.
Depois do forte abraço e relembrarmos momentos e outros companheiros inesquecíveis, aparentando estar inquieto, talvez com fome, pois já era quase meio-dia, Lopes (esse era o nome de guerra do ex-soldado) perguntou-me de chofre:
– Sargento (para ele eu ainda era o sargento de outrora) o que dizem os militares do Exército sobre essa atual anarquia política e econômica do Brasil?
MINHA RESPOSTA AO EX-SOLDADO LOPES
Entendo que os chefes militares das Forças Armadas, demais oficiais generais e oficiais superiores exercem uma política de conveniência pessoal, funcional e social. Alguns poucos militares da reserva falam, criticam e esperneiam, mas os companheiros da ativa estão quietos porque, para eles, a disciplina e a hierarquia falam mais alto e têm a força suficiente para mantê-los afastados dessa “briga de cachorros grandes”.
Prometo que farei uma pesquisa sobre a posição dos chefes militares e lhe responderei com mais detalhes a sua pergunta, conclui.
Despedimos-nos e novamente nos abraçamos numa manifestação espontânea de consideração e apreço. Chegando em casa logo resolvi procurar uma boa resposta complementar para o questionamento do ex-soldado Lopes.
ATUALMENTE É POSSÍVEL UMA INTERVENÇÃO MILITAR?
O atual momento político brasileiro é de grande polarização e instabilidade. Nesta situação, o medo de que aconteça um golpe de Estado aumenta. A Presidente Dilma insiste em afirmar que o processo de “impeachment”, legalmente em curso, é uma tentativa de derrubá-la ilegalmente e também afirma que os grampos divulgados por Sérgio Moro são ilegais.
Certamente essa dúvida fervilha nas mentes de centenas de milhares de brasileiros patriotas ou indiferentes (desatentos, apáticos, desanimados e insensíveis).
REVISTA SOCIEDADE MILITAR
Na Revista Sociedade Militar encontrei uma posição do Comandante do Exército Sua Excelência GENERAL DE EXÉRCITO EDUARDO DIAS DA COSTA VILLAS BÔAS.
Sobre a conjuntura atual e sobre o Exército “pacificar o país”, o Comandante Villas Bôas disse que:
“O Brasil da década de 30 a 80 foi o país do mundo que mais cresceu… incluindo os governos militares. Nas décadas de 70 a 80 nós cometemos um erro ao permitir que a linha de fratura da guerra fria passasse dentro da sociedade brasileira e nos dividisse e o Brasil que era um pois que tinha um sentido de projeto… perdeu a coesão, o sentido de projeto e está sem um rumo, uma direção…. Eu conversava isso com o Ministro da defesa, que é do PCdoB e hoje trabalhamos juntos absolutamente identificados e temos convergências de interesse nacional. Veja que erro que nós cometemos… precisamos recuperar isso pois não estamos livres de outra guerra fria, não no mesmo parâmetro…”. – (SIC).
“Em 1964… houve duas diferenças básicas. Em 1964 o país não contava com instituições amadurecidas e com espaços definidos e cumprindo efetivamente seus papeis… um sistema de pesos e contrapesos que dispensa a sociedade de ser tutelada…. Todo e qualquer emprego das Forças Armadas passa pela Constituição e leis complementares… Forças armadas não existem para fiscalizar governo e muito menos para derrubar governo. ” – (SIC).
“A crise é de natureza política, econômica e de natureza ética… todos os parâmetros estão se relativizando para baixo… nos degradamos nos parâmetros éticos, de eficiência… Nos parâmetros estéticos… em busca dos caminhos para superar a crise eu vejo que as discussões não tem profundidade.”. – (SIC). – (Fonte - Revista Sociedade Militar).
CONCLUSÃO
Depois da fala de Sua Excelência General de Exército Villas Bôas – Comandante do Exército –, que disse estar absolutamente identificado com Aldo Rebelo (atual Ministro da Defesa), o que mais poderá ser dito?
Claro que depois dessa entrevista houve quem criticasse duramente Sua Excelência. Abaixo transcrevo apenas duas críticas, mas houve dezenas de centenas de fortes e severas críticas à fala do atual Comandante do Exército:
“Creio que o general Villas Bôas, não deveria trair a memória dos militares heróis de outrora, que impediram a implantação do comunismo em nossa querida nação. As FFAA são uma instituição de Estado e não de governo. Os "comandantes comunistas" passam e a instituição permanece...”. – (SIC).
“Villas é bolivariano, claro que não vai agir e ainda vem com esse discursinho de "governo democrático", ignorando as denúncias de fraudes eleitorais e campanhas feitas com dinheiro roubado. Esse homem precisa ser enviado para algum cargo burocrático, não merece estar nesse cargo. Precisamos de militares Patriotas à frente das FFAA.”. – (SIC).
Concluo este texto concitando toda a sociedade brasileira a ter "muita calma nessa hora". Vivenciamos momentos de extrema expectativa. Não nos deixemos influenciar e/ou envenenar pelo radicalismo inconsequente de quem entende ter o poder para "incendiar o país".
Evitem a qualquer custo o radicalismo irresponsável. Não se esqueçam que "a corda só se arrebenta na sua porção mais fraca", isto é, nas costas dos mais pobres e com pouca ou nenhuma representação no contexto político e/ou econômico-social.
REPITO MEU ENTENDIMENTO PARA NÃO DEIXAR DÚVIDA
Entendo que os chefes militares das Forças Armadas, demais oficiais generais e oficiais superiores exercem uma política de conveniência pessoal, funcional e social. Alguns poucos militares da reserva falam, criticam e esperneiam, mas os companheiros da ativa estão quietos porque, para eles, a disciplina e a hierarquia falam mais alto e têm a força suficiente para mantê-los afastados dessa “briga de cachorros grandes”.
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NOTAS REFERENCIADAS
– Revista Sociedade Militar;
– Respeitosas assertivas do autor como cidadão, autodidata e formador de opinião. Os comentários do autor devem ser considerados circunstanciais e imparciais.