O rugido das raposas
A sociedade atual vive o drama de pessoas que muito se utilizam de qualquer tipo de fragilidade alheia para se sobressaírem e pouco em se destacar por suas próprias qualificações. Assim também é o tratamento dado a nossa política de meia-boca . Não, eu não quero dizer a política meia-boca dos partidos e do nosso governo. Me refiro diretamente a toda essa “nossa” política meia-boca e, como já reparou nosso caríssimo Renato Russo , “toda nossa falta de bom-senso” como sociedade .
Há pouco, antes das eleições , os debates a presidência do país causaram repulsa e indignação da população por se compararem a situações de agressões sem nexo, desviando-se do objetivo de propor suas ideias e até mesmo do próprio princípio de civilização; lutas de ringue, programa de auditório , baixaria , selvageria ! Sinto informar e pasmem, ou não, toda essa falta de argumentação e apelação para a agressividade verbal reflete em ninguém menos de quem? Isso mesmo, muitos de nós brasileiros, que reclamamos de tudo o que há de errado nos feitos do outro, mas achamos graça na preguiça que temos em limpar a própria sujeira ao nosso redor. Reflete nos que protestam para que os outros façam seu trabalho direito como compensação para que o seu trabalho seja facilitado; nos professores que reclamam do salário e da educação mas não fazem seu papel e não elaboram conteúdo dentro da sala de aula , nos alunos que reclamam das notas e , ainda da educação, mas também não fazem sua parte , não prestam atenção nas aulas e não estudam; e nos pais que , pra variar, também reclamam da educação , mas mal dão atenção a vida que o filho tem e lhes garantem uma doutrina sem limites.
Brindemos ainda a nossa política meia-boca aos empregos por parentescos , aos benfeitores de propina , e ouso ainda dizer que não é de se duvidar que entre tantos protestantes dessa política , da qual todos dizem não fazerem parte, encontrar pessoas que se ocuparem qualquer cargo público ou político iriam se empolgar tanto quanto os atuais em toda essa roubalheira. É com pesar que vejo que muitos só se manifestam contra aqueles que têm dinheiro a custa dos outros , por se sentirem inferiorizados em relação ao poder ; que só são contra os atos errados desse país quando estes prejudicam sua individualidade pessoal, não tem nada a ver com patriotismo ou justiça.
E vamos assim atropelando-nos uns aos outros , esse é o nosso mata-mata constante que se vê nos debates , nas casas , em escolas, redes sociais, ruas, por todo lado. Então parem de colocar a culpa no presidente , no professor ou no aluno, nos jovens ou nos velhos, na polícia, no ladrão, no rico ou no pobre , no nordestino ou no paulista . Parem de rugir como leões e agir como raposas salafrarias que tentam se safar da culpa e tirar proveito de tudo. Não existe mais tapetes ou cantinhos pra onde empurrar a sujeira deste país e para acabar com os ratos e baratas é necessária uma limpeza coletiva .
Obs: Texto escrito a cerca das campanhas eleitorais de 2014, porém idéias cabíveis ao contexto atual.