Moro na Tijuca há muitos anos. Desde que nasci, para ser mais específico. Vivo a história do bairro da década de 70 em diante, suas evoluções e involuções. Como todo tijucano de raiz, sinto imensa nostalgia quando me recordo dos cinemas em torno da Praça Saenz Peña, do Café Palheta, de uma certa atmosfera romântica e dos belos casarões que pontilhavam o bairro. A Tijuca já passou por momentos críticos na questão de segurança pública, é um bairro rodeado de morros habitados por comunidades carentes. Essas comunidades não são a raiz do problema, mas a ausência eterna de ações sociais continuam servindo como incubadoras de elementos que se desviam para o crime e estendem os tentáculos marginais ao asfalto.

Quando chegaram as UPPs, o bairro respirou, houve uma trégua. Com o tempo, descobrimos que as UPPs não significaram a solução, foram um intervalo. Sem política e investimentos que realmente lhes garantisse continuidade eficaz, as ocupações policiais se fragilizaram naquilo que efetivamente eram, vitrines eleitorais que se desfizeram com os anos. Uma breve conversa com moradores e ficamos sabendo que o morro do Andaraí voltou a ser base do tráfico armado, o mesmo com o Borel, Formiga,Turano, Macacos, etc. Dezenas de assaltos diários, casos de sequestro relâmpago, tiros... Devagar, a Tijuca volta a ser um bairro sitiado.

Com o tiroteio ocorrido nesta semana, em frente ao 6º Batalhão da PM, na rua Barão de Mesquita, quando houve a tentativa de roubo de uma motocicleta, vemos que o despudor dos ladrões alcançou patamares obscenos. O medo maior reside na crise financeira do Estado, com o galope da violência ganhando velocidade e vertendo sangue inocente. As perguntas que vibram na mente ecoam numa resposta trágica. Há esperança? Existem planos de combate ao crescente descontrole da segurança? Não sabemos.
Alexandre Coslei
Enviado por Alexandre Coslei em 31/03/2016
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