DIA DO REVISOR DE TEXTOS
Eu tenho um lado meio paranoico. Seja o que for (panfleto, cartaz, anúncio, convite, etc), leio como se estivesse buscando o erro. E o pior é que eles existem, sim, estão por toda parte. Inclusive no que eu escrevo.
Na fila do restaurante insisto em ler as plaquinhas indicando o nome dos pratos. E já vi coisas terríveis, como “peixe no molho de cocô”. Também leio os avisos dispostos na parede, enquanto a fila anda: “agradecemos a compreenção”. Com os cardápios eu me divirto um bocado... É cada absurdo que vejo! No supermercado, na quarta da carne: “pigadinho” e “estrogonofre”.
Nem os jornais escapam. Trazem erros de concordância, além de incoerências e desordem que dificultam o entendimento do texto. Pobres leitores! Também não escapam artigos publicados em revistas especializadas, ainda que seja “forma” ao invés de “foram”. Nem os avisos da escola de minha filha.
A desgraça maior está nas redes sociais. Além do “concerteza”, “voçê”, “agente”, “pelo o seu dia...”, o mais grave: “Deus mim proteja”. Ainda dou um desconto se avalio as possibilidades de estudo que o sujeito teve e percebo que realmente lhe faltou oportunidade. Do contrário, fico pra morrer.
Lamento pelas pessoas que não levam a sério o uso correto da nossa língua. Principalmente se são profissionais atuantes, que precisam da linguagem para se comunicar. Deveriam dedicar tempo aos estudos, pesquisas e, claro, consultas.
Mas, enfim, ler materiais escritos e sugerir ajustes que tornem a leitura mais agradável, e mais compreensível, é o meu papel. Contribuo com a produção alheia no sentido de dar ao texto a devida adequação, seja corrigindo gramática, ortografia ou observando questões como coerência e coesão.
E enquanto revisora eu devo dizer que sou uma pessoa muito feliz. E que me realizo contribuindo não só com o autor, mas, principalmente, com o leitor, consciente de que o meu trabalho exige muito estudo, pois a Língua Portuguesa me parece cada dia mais difícil.