Hipnose coletiva

HIPNOSE COLETIVA
Miguel Carqueija

É uma situação apavorante que vivemos nos dias atuais.
Anos atrás, ainda no final do milênio passado, uma amiga contou-me que perdera o marido por causa da internet. Ele se “perdera” na net.
A alienação trazida pelo audio-visual, já bastante perceptível na era da televisão, acentuou-se muito mais, após a internet comum, com as redes sociais e agora com o aperfeiçoamento dos aparelhos individuais, cheios de recursos, “tablets”, “smartphones” ou que outros nomes inventem. E as pessoas agora vivem no face, no whattsap e Deus sabe o que mais virá.
E pelo que consta, 90 por cento do que ficam vendo nos “fones espertos” é bobagem, frivolidade, falta do que fazer.
Notem bem, não deixo de apreciar e valorizar a Ciência e a Tecnologia. Mas, e a perda de prioridades, e de senso crítico? No ônibus e principalmente no metrô, se você quiser reparar nessas coisas, vai perder a conta das pessoas que estão lá com o dedinho nas suas tábuas eletrônicas, numa hipnose sem fim. Esse vício, semelhante a uma dependência química, está provocando inúmeros problemas. Brigas de casais, tendinite, bursite, perda de senso do que é realmente importante. Taxistas dirigem com fones de ouvido e o tal aparelhinho, à procura de clientes. Acidentes estão acontecendo. Falou-me um amigo de um desastre, onde o motorista estava dirigindo e ao mesmo tempo digitando no “smartphone”. Esse mesmo amigo flagrou a empregada doméstica em seu quarto, ajoelhada junto à cama, dedilhando... quando deveria estar trabalhando.
O que está acontecendo em nossa sociedade? Por que está ocorrendo esse processo de imbecilização das massas?
Depois tem gente que chama o perído medieval de Idade das Trevas! A Idade das Trevas é essa época que estamos vivenciando em nossos dias!
Não percebem os viciados em internet portátil e redes sociais que estão perdendo um tempo estúpido, deixando a vida escoar, prejudicando a família, ao se deixarem dominar pelo aparelinho hipnótico? E que se expoem nas ruas a assaltos, atropelamentos, por não prestarem a devida atenção ao mundo ao redor, e ao que fazem?
Vimos uma mulher atravessar a rua. Na mão esquerda o “smartphone”; com a direita puxava a coleira com seu cachorrinho. E o meu amigo comentou que ela deveria arranjar um cão-guia de cegos...
É catastrófico, inacreditável o que está acontecendo, e a mídia faz pouco disso. Claro, quanto dinheiro não representa a venda dos aparelhos?
Como serão as próximas gerações? Está surgindo uma raça de androides, pessoas meio cibernéticas, pois vivem plugadas. O que virá depois? Onde é que isso vai terminar?

Rio de Janeiro, 6 de março de 2016.