É NECESSARIO TRABALHAR, MAS É MAIS URGENTE OS PAIS SE DAREM TEMPO DE EDUCAR SEUS FILHOS

A educação dos filhos hoje parece, inequivocamente, estar fora da responsabilidade dos pais.

É comum hoje pais e filhos residirem o mesmo espaço (casa), mas não ocorrer o acto da comunicação educacional ou o simples acto de saudação como devia ser, porque, também, é possível que o filho aviste os pais durante o final de semana apenas.

Mas isso se veio evidenciar ainda com mais força e perspicácia quando a falsa responsabilidade escolar veio à tona, isto é, deixou de se educar os filhos quando se achou que a escola fosse a casa ideal para a educação. E com certeza, esse mito já vem se desenraizando porque resultados satisfatório para a educação do homem estão, por parte, isentos lá na escola, pois que em casa onde devia ser o local primário de educação não se faz acontecer.

Pais têm tido a mania de alegar que por estarem a trabalhar se torna impossível conciliar o trabalho com a educação dos filhos. O trabalho sempre existiu e outrora se conciliava sem algum problema com a educação dos filhos bem na pura normalidade.

Certamente que as facilidades do pseudo desenvolvimento, a liquidificação (enfraquecimento ou perda) dos valores que se transmitiam de pais para filhos e as crescentes taxas de empregos que não possibilitam momentos de lazer para pais e filhos, estariam a influir nessa moral de pais presentes em pensamento, mas que no quotidiano inexistem a fazer o seu devido papel.

A educação de um ser parte do seio familiar e os pais têm um papel preponderante nesse evento, pois são os primeiros a discernir o comportamento recto ou curvo dos seus filhos de modo a corrigí-los, se necessário for.

A facilidade de escolas no modo colegial, as creches e a confiança em deixar os filhos com terceiros, como as babás e as domésticas, tem sido factores que estariam por detrás dessa penumbra psíquica de os pais não educarem os seus filhos e acharem que estes se encontram em boas mãos.

Mas esse mal de não educar os filhos e se acobertar pelo trabalho esse erro crasso, torna-se doloroso para os pais quando este filho começa a manifestar a (des)educação obtida por base de comportamento de terceiros, pelo que, este se tornará estranho para seus progenitores, porque eles não saberão dizer de onde ele obteve aquela educação, e nesse instante esquecerão de que eles não o educaram, o deixaram com terceiros, em colégios e negligenciaram com que este ficasse com eles e que fosse o reflexo de seus saberes de como ser bom filho.

Bem sei que a vida é corrida e não tem sido fácil viver nesse mundo de constantes necessidades, mas a entrega total ao trabalho versus a falta de tempo para educar os filhos pode levar ao colapso moral de uma sociedade ou de homens de uma época.

O que se pode esperar de um filho que na tenra idade fora deixado primeiramente na creche, de seguida em colégios e ao regressar à casa tenha o contacto com a doméstica até ir a cama sem ver os pais?

Logicamente este filho será uma miscelânea de comportamentos e nenhum destes irá reflectir os ensinamentos dos pais, pois que estes não existiram.

Há ainda pais que acham que exercer o papel de pai é estar apto a bancar os caprichos dos filhos, dar-lhes verba ou amontoar-lhes os brinquedos e desamontoar-lhes o afecto, carinho e um simples abraço. No final do dia, ele só irá reconhecer que o papel de pai é de, apenas, dar verba quando em necessidades se encontrar.

O diálogo e afagos vindo dos pais, podem parecer absurdo, no entento podem ter um significado crucial para definir o carácter psicológico ou o modo de ser e de estar de um filho perante as pessoas.

Ouso dizer que há tamanha culpa nos pais que ao invés de tutelar as suas crias abrem mão para que terceiros o façam, afinal quando os pariram tinham já a consciência de que iriam conciliar o trabalho com os cuidados dos filhos, que o façam!

Há necessidade de parar com tamanha urgência esse mal dos nossos dias, e isso passa por uma reflexão por parte dos pais e educadores em discenir, de facto se querem ter que modelo de homem no futuro. É necessário, também, que se perceba por parte dos pais que abandonar os filhos em creches e colégios não é a melhor forma de educá-los, pois que a educação formal que lhes é transmitida, se não for enquadrada nos modelos de uma determinada família ou que seja limada, pode representar uma (des)educação. Há que pais e a sociedade no seu todo repensarem os males que causam aos filhos e as futuras consequências desse mal na sociedade e naquilo que podem ser as futuras gerações de filhos que irão descender desses que hoje são os educados sem a presença dos pais.

Daúde Amade

02/02/2016