NO MÁRMORE DO INFERNO, A SUBLIMAÇÃO DA VIDA!
OPINIÃO
Nesses tempos difícies, nos quais vivemos todos nós, sempre existe , socialmente inclusive, a possibilidade do caminho da sublimação das adversidades, que é aquela abençoada capacidade DE DEFESA psicológica, a que todos temos no nosso inconsciente, em maior ou menor escala, cuja finalidade é nos poupar dos sofrimentos angustiantes, a transformar nossos limões em saborosas limonadas suiças.
Por exemplo: sonho com um chocolate... mas como ele engorda e aumenta o colesterol, então degusto uma barrinha de cereal, que é um alimento funcional e nutritivo, assim me sinto gratificada e compensada.
Sonho com um carro novo e bem grande, mas como o IPVA é caro, compro um fusca que é mais fácil de estacionar e que , de sobra,não paga IPVA...
Sonho com um político decente, mas como milagre está difícil, então, rezo para o santo das causas impossíveis e acredito que todos os políticos fazem o que podem por mim e pelo meu espaço cidadão.Inclusive fico alegre por ser enganado na cara dura!
E por aí vai, a sublimação que nos torna seres algo genericamente resignados e alegres resilientes para tudo e para o todo.
Assim, analogicamente, quero falar do desemprego que atingiu níveis alarmantes entre nós , quase chegando na casa dos dez por cento.
Bobagem, nem precisamos enxergar, porque os políticos já o sublimaram com louvor.
Desempregado, comemore!- porque, segundo as ondas otimistas gerenciais, você acaba de estatisticamente ser eleito o mais novo empreendedor da cidade, do Estado, do País ou do mundo (que passa as mesmas dificuldades nossas em dólares e euros!).
Parabéns! Você é um empreendedor global! E vai ser chamado para dar algumas entrevistas no horário nobre da televisão!
Eu explico meu pensamento: já repararam na quantidade de empresas que estão nas ruas? Nos espaço públicos utilizados como espaço de trabalho? Como o espaço público se tornou patrimonio democratico e empresarial de todos?
Não é crítica ao fato , é a descrição do fato!
As pessoas, de todas as configuraçõe sociais, estão desesperadas montando seu negócio empreendedor nos parques, nas esquinas, no trânsito, nas portas das construções aonde se encontra de um tudo, nas suas casas, estão nas calçadas, nas barracas, nos barracos, nos restaurantes que ainda sobrevivem com seus vallets, nos automóveis, nos caminhões e até nas bicicletas! Essa última virou moda cult para tudo , até se vender algo nelas.
Quem não tem um food-Truck se vira numa bike-food!
Outro dia comprei um docinho super gostoso numa delas!
Quem são os empreendedores? Pasmem: Gente com profissão formal que perdeu seu emprego de anos a fio...
Dia desses,acreditem, vi uma festa tipo "buffet de criança" sendo montada numa praça pública.
Estranhei, achei que se tratava dum saudoso "pic -nic" no parque, reformatado no tempo, então fui conversar para tentar entender: qual minha gente!-a "empresária" me disse que, não podendo mais arcar com os altos custos de se alugar um salão e repassar o preço ao seu cliente que já não pode pagar mais nada, então, agora monta a festa na pracinha do bairro.
Conversei, também ali, com uma senhora aposentada que agora expõe, nos bancos de concreto e nos varais entre árvores, sua bela arte de pintura em tecidos de seda para REcompor seus proventos da aposentadoria...que sumiu!
Feiras mil em plenas ruas...e para quem odiava a classe média, podem comemorar: ela está nos estertores, mas lembrem-se: é ela a galinha dos ovos de ouro que alimenta todo o resto! Então se vai comemorar por pouco tempo...acreditem!
Alguém já notou o status de "trabalho escravo" de menores e IDOSOS pelos faróis e esquinas da cidade, sob sol chuva, frio,vento, raios,enfim, as placas humanas, outdoors ambulantes que anunciam empreendimentos da construção civil, de modo desumano assustador, sem direito trabalhista algum, sem direito a comida, tudo por parte de construtoras de "curriculuns duvidosos", aquelas que ficaram famosas por aí, não pela ética, obviamente?Quem vê isso? Quem cuida disso?
E assim, num cenário meio triste, desconsolador, vemos um exército de pessoas que estudaram tentando ganhar a vida na rua , gente que faz ou já fez muita coisa, mas que perdeu a esperança de dias melhores.
Conhecem algum país sulamericano semelhante pelas notícias da mídia?
Pessimismo? Nada disso. Surrealismo anunciado e concretizado! Olhem o derredor!
O mundo todo sabe como vai nossa economia....mas, pela sublimação das gestões, por aqui ganhamos o "status" de neoliberais em massa pelas ruas, o promovido por quem dizia salvar a classe "trabalhadora".
Ahã...Quem diria...
E ainda pensam em tirar da grande massa de brasileiros desesperados a CPMF, na justificativa "honrosa" de que se trata dum imposto mais justo, que todos pagam em frações proporcionais de "justiça social".
Ahã...justiça fiscal, ahã...até papai -noel desistiu de nós.
Enquanto isso, a única edificação que cresce por aqui, na rua mesmo, logo ali para todo mundo ver, e saindo do seu, do nosso bolso, é o contador do IMPOSTÔMETRO.Cresce que nem fermento...uma maravilha de fermento na massa falida.
Claro, justíssimo, dinheiro com destino certo, afinal, precisamos sustentar também os fundos partidários daqueles que juram, mas que não fazem, há muito tempo, absolutamente nada , nem pelo povo, muito menos pelo país.
Eu só fico me perguntando: como seria o cenário de vida de muitos por aí, os que se dizem políticos, se tivessem que arrumar emprego, na crise, para trabalhar e ganhar a vida como mero povo mortal sem ancestral surreal? Aonde montariam suas tendas?
Acorda Brasil.
Atualmente, o inferno também está cheio das boas intenções, a dos que dizem que cuidam, mas observem: a arder no mármore do inferno estamos todos nós, só o povo todo, e sem distinção de classes.
Empobrecemos bem holísitca e democraticamente.
Enfim, conseguiu-se o sonho da desejada justiça social: uma sociedade igualitária e moribunda, com a régua da igualdade balizada pelos calcâneos e que não consegue sequer matar mosquitos!
Mosquitos nos mordam!
Que enxergue quem quiser...que caminhe quem souber e que salve-se quem puder!
Torço por todos.Torço pelo Brasil.
Amém.