Crucifique-a!

Temos vivido momentos de grande disputa no Brasil, seja ideológica, social ou religiosa, principalmente esta última. Qualquer acontecimento que antes possivelmente passaria despercebido, é suficiente para provocar uma onda de declarações a respeito do assunto.

Não foi diferente com a Parada Gay paulista, pois nosso país ainda veste a carapuça do conservadorismo religioso. Portanto, crucificar novamente Viviany Belboni foi o prato da vez.

Custa-me acreditar que os líderes religiosos brasileiros não tenham compreendido o significado do protesto. Sim, houve protesto e ele foi brilhante. A travesti trouxe para o evento algo que muitos sequer haviam notado: os homossexuais, assim como todos os outros oprimidos, representam o Cristo nos dias de hoje.

As disputas citadas anteriormente acabam se misturando, no fim das contas. É por religião que condenam Viviany, mas é também, sobretudo, por ideais preconceituosos. Ideais disseminados para manter o controle e o interesse dos tais pastores sobre os fiéis.

O protesto incomodou porque é difícil de ser compreendido pelos que estão acostumados a reproduzir o discurso mortal de seus líderes. Deve ser realmente bastante complicado perceber que Jesus Cristo, crucificado por ser trans(gressor), é muito mais parecido com homossexuais do que com alguns daqueles que são frequentadores assíduos dos templos religiosos.

Viviany foi vítima antes, durante e continuará sendo após o protesto. Continuará, também, sendo acusada de cristofobia, que nada mais é que um termo inventado por aqueles que não compreendem o que o Cristo representou, mas, mesmo assim, continuam se colocando como os únicos a serem salvos.

Diante de tudo isso, podemos concluir que a Viviany só foi acusada de desrespeito à religião porque é travesti, tem aparência feminina e não é o Neymar.