2015: o Brasil, o Mundo e o Homem
2015. Que ano estranho, puxado, de poucas risadas. Confesso que, desde 2012, não sinto mais uma "nostalgia" referente ao crescimento do país. Temos instalada uma crise política, que reflete de forma negativa em nossa economia. Aliás, percebemos aos poucos que, seja qual for a instituição, política ou religiosa, ela não é criada necessariamente para melhorar a vida das massas, mas sim para sustentar um número privilegiado de dirigentes, que as transformam em verdadeiras monarquias. Mas, claro, algumas pessoas se destacam na multidão e acabam fazendo a diferença.
Democracia ainda parece ser uma utopia, pois vemos diariamente como esse regime político é atacado. As disputas ideológicas entre esquerda e direita, que ganharam força neste ano, mostram como as pessoas não aceitam as diferenças de pensamento. Com um simples palavra, você se torna um "coxinha", como outra, um "comuna". “Posso não concordar com uma só palavra sua, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-la” - essa frase, erroneamente atribuída a Voltaire, não fez nenhum sentido esse ano.
“A História não é a mesma, mas temos a impressão de que, alguns eventos dela, se repetem”. Essa frase, do meu professor de Teoria da História, me fez pensar em alguns momentos trágicos que presenciamos no início e na metade de 2015. Grupos terroristas, em nome do Islã, promoveram inúmeros massacres no Oriente Médio e no Ocidente – e conseguiram dominar territórios em nome de uma nova unidade política. Parece que, assim como na Idade Média, o Islamismo está tentando novamente expandir suas fronteiras. Mas essa expansão não vai deixar um legado cultural como a do passado (língua, arquitetura, botânica, história e literatura), mas sim um rastro de ódio e medo.
Paz, um estado de espírito. O homem nunca esteve em paz com seu semelhante. Aliás, paz é uma fronteira fácil de se cruzar, e quando atravessada, chega à barbárie. Nem os deuses, nos tempos primordiais, viviam em harmonia. Resta a nós vigiar essa fronteira, tentar fortalecê-la a cada dia, não deixar os pilares de nossa civilização, erguidos sobre muitas vidas, sucumbirem por nossas próprias mãos.
Mesmo com todos os percalços, ainda somos seres incríveis. O hominídeo que lascava pedras evoluiu, passou a polí-las, dominou os metais, criando instrumentos mais resistentes. Da observação das plantas, inventou a Agricultura. Dos excedentes de produção surgiu o escambo, antecessor do comércio. Do convívio com os animais, passou a domesticá-los. O nomadismo deu lugar ao sedentarismo, e as comunidades às cidades. Conquistamos territórios, descobrimos planetas, construímos tecnologias capazes de realizar tarefas inimagináveis. É a nossa essência inventiva, de quem luta diariamente pela sobrevivência.
Continuo aqui, de pé, esperando as horas para o adeus de 2015. O mundo não muda se seus habitantes não se candidatarem à mudança. Minhas crenças? Não são em um ou mais deuses. Vou seguir acreditando nas pessoas. Sonhador? Não, apenas mais um entre milhares que pensam da mesma forma, pois sabe que, no fundo, temos a capacidade de nos transformar para melhor. Que em 2016 aprendamos a conviver com diferentes formas de pensamento, sem delírios religiosos e que os dirigentes de fato passem a dirigir o nosso país para o futuro. Meus mais sinceros votos de paz e prosperidade para os leitores e leitoras do História Inteligente.