Um conhecimento que circula pelas ruas (1)
A palavra natal traz o significado do nascimento de alguém; um natalício. Diz respeito ao nascimento e ao renascimento. As cidades e as sociedades são formadas por pessoas. E pessoas, ideias e cidades um dia nascem. Ideias e cidades nascem ou renascem com novas visões e novas interpretações, com novas e outras pessoas, participando, reinventando e inovando. E um conhecimento vem surgindo pelas ruas. Não tão recente, e não a partir de Natal/RN, mas sendo necessário que Natal/RN o reconheça, interprete, reinterprete e o respeite, para um novo renascimento. Para que avance nos novos conceitos de conhecimento, informação e comunicação, que circulam pelas ruas, e até na palma da mão.
A capital do RN, a cidade do Natal, ao longo de sua história passou por ocupações e invasões; migrações e imigrações; nascendo e renascendo com as influencias deixadas e absorvidas por outros povos, de outras cidades e de outras nações. Natal vive e revive com influencias vindas de outras terras, associadas ao povo e a cultura local, esta sempre em mutação. E Natal/RN a capital, é um local onde tudo recomeça e todos renascem. Surgem ideias e criam-se limites entre a Barreira do Inferno e o Trampolim da Vitória. Um espaço entre a ponta do Cotovelo e a ponta do Calcanhar, passando pela ponta da Canela. O mundo representado nas costas de um elefante. Um lugar para lançar novas ideias, quebrando as barreiras dos conhecimentos e dos desconhecimentos, com pipas e Pipa.
As chamadas pinturas rupestres, comuns no interior do RN, tinham como objetivo um conhecimento ou uma informação, a ser transmitida. Informações e conhecimentos, que poderiam servir aos que estavam ali presentes enquanto eram grafadas as imagens sobre a rocha (matriz arqueológica); poderiam servir a um grupo reunido depois de formada a grafia, diante um facilitador e comunicador. Como também poderiam ser destinadas aos próximos elementos de um grupo que ali um dia viessem a passar. Andarilhos, exploradores, caçadores ou simples coletores de frutos silvestres. Pessoas de um mesmo grupo que pudessem entender seus significados ali estampados. Quadros de avisos é algo comum em empresas, quartéis e escolas, normalmente localizados em corredores para informar aqueles que por ali passem, tal como a matriz arqueológica, modernizada e atualizada.
Ainda hoje professores escrevem em paredes para que o grupo presente em sala de aula compreenda os significados dos aprendizados transmitidos, por textos e símbolos colocados pelos professores sobre a lousa. Ao longo de uma história didática os professores já escreveram nas paredes com giz e com canetas hidrográficas, a matriz arqueológica atualizada, de acordo com um tempo e um momento.
Hoje com uma tecnologia, professores e palestrantes, podem projetar as imagens desenhadas, planejadas e desejadas sobre uma tela ou uma parede. Professores e
conferencistas ainda podem disponibilizar a gravação de suas informações em pendrives, ou enviar por e-mail. Para que outros grupos em outros lugares também compreendam, interpretem e entendam as ideias e os significados apresentados.
E a matriz arqueológica atualiza-se novamente, e pode ser observada em outro plano, como uma tela de computador. A mídia ou o meio de transferência de informações ganhou mobilidade. Saiu de um elemento estático, desde o uso do papel, transportável entre um local e outro. A tecnologia avança, mas não esquece seus elementos e modelos anteriores. Com o papel e sem projetores, já foi usado o flip-chart, em aulas e palestras.
Assim como povos antes dos limites reconhecidos como o período histórico deixaram marcas e escritas em cavernas e paredes de pedras, para outros caminhantes, a sociedade vai deixando informações em ruas e calçadas (outra nova matriz), para outros que ali vão passando. Enquanto no passado a mídia poderia ser uma rocha, tal como uma parede ou um piso, hoje a mídia tem o cimento e o asfalto, que vão deixando marcas, com informações pelo caminho. A evolução e a tecnologia de hoje, permitem informações verticais e horizontais.
Sobre o asfalto ou sobre o concreto das calçadas (horizontais) há informações que deixam e transmitem uma informação ou um conhecimento. Em postes e estacas com placas (verticais), outras informações e outros conhecimentos. Informações e conhecimentos que são validos para este momento. Informações codificadas com uma maior amplitude de entendimento e reconhecimento. Muitos grupos já conhecem e reconhecem as informações escritas e inscritas nas ruas. Uma linguagem com um reconhecimento internacional.
E Natal sempre renascendo precisa aprender, reconhecer e respeitar esta linguagem escrita nas ruas e calçadas. Não são informações de um grupo ou de outro grupo andarilho, mais informações geradas por uma sociedade, com um respaldo do poder publico, que grafa as informações. Símbolos e siglas de informações que preservam o espaço de pequenos grupos, ou grupos distintos. Criando respeito entre diferentes grupos, como estratégias de deslocamento e convivência.
A sociedade atual já não vive em cavernas e não transita por trilhas e atalhos. Mas vive em casas e apartamentos e transita por ruas e calçadas. Mudaram os conceitos e os modelos de habitação e locomoção. Mudaram hábitos e sistemas de proteção. Mudaram-se armas e equipamentos para as atuais locomoções. E uma linguagem com símbolos (komunikologia), vai sendo inserida nas ruas e avenidas, passeios públicos e calçadas. Informações para que os próximos transeuntes possam saber quais espaços são reservados a outros, e os quais a ele é destinado. O que é possível fazer e o que não é possível fazer, sem incomodar ou atrapalhar o próximo.
Símbolos que determinam e classificam um poder de acessibilidade, respeitando aquele com limitações de mobilidade. Alem das limitações de mobilidade de um
portador de limitação de locomoção, um pedestre também tem uma limitação de mobilidade diante um veículo automotor. São diversos grupos e diversas são as necessidades, coletivas ou individuais.
Entre Natal/RN e Parnamirim/RN em 18/01/2015