As desconstruções do conhecimento (parte 4)
Portugueses desembarcaram em terras descobertas, e trouxeram em suas bagagens novos hábitos e novos costumes. Novas ideias e comportamentos de economia, vestuário e alimentação. Uma alimentação bem diferente nos modos de preparo e costumes alimentares dos nativos. Implantaram suas ideias e sua religião. Tinham o domínio da escrita e da leitura, perpetuando e transferindo seus conhecimentos. E desconstruíram o conhecimento indígena a partir da implantação de seus conhecimentos importados do Velho Mundo.
O velho dominou e sobrepujou o novo. Índios nativos detinham um conhecimento que foi soterrado e calcificado tal como sambaquis. Um conhecimento que veio do Velho Mundo através do descobrimento e da ocupação do solo brasiliano, com descobrimento, colonização e imigração. Uma importação de ideias e comportamentos que foram influenciando e modificando a cultura local. Alguns pensadores admitem o inicio da globalização a partir do descobrimento de novas terras, com apoio e desenvolvimento da navegação. Hoje se navega na internet em busca de novos mundos e novas ideias.
E assim prosseguiu o velho sobrepujando o novo. O pensamento e o conhecimento do povo antigo, dominador e descobridor. Apresentam novas ideias substituindo as anteriores, implantadas por eles mesmos em outros momentos. Uma dominação simbólica com o conhecimento e autorização do dominado e do dominador. Todo controle acontece com um consentimento por parte do controlado. Um domínio simbólico conhecido e reconhecido pelo dominante e pelo dominado (Bourdieu), por um emblema ou distintivo, um estigma (idem).
Portugueses desembarcaram oficialmente no Brasil a partir de 1500. Havia um objetivo inicial: partiram de Portugal, e seu destino era chegar ás índias, contornando o continente africano. A intenção de obter especiarias através de um caminho marítimo. Não estava nos planos uma escala no Brasil para descobrimento e reabastecimento. Supostamente ventos e correntes marítimas mudaram os planos iniciais dos navegadores, e os destinos das terras brasileiras e seus habitantes primitivos.
A partir do suposto descobrimento, mudaram os objetivos de destino e objetivos econômicos, deixando de serem produtos de origem vegetal para os produtos de origem mineral. Sem, contudo não deixar de fazer uma exploração de fases, com o ciclo da cana de açúcar e exploração de pau Brasil. Seguindo o ciclo do ouro, com exploração de pedras preciosas. Um fato ficou famoso: estátuas ocas eram usadas para contrabandear pedras preciosas, os denominados santos do pau oco.
A partir da invenção da imprensa por Gutemberg o conhecimento torna-se mais acessível embora ainda restrito a pequenas parcelas de produtores, editores e autores. E de leitores que podiam ter acesso aos livros. O povo indígena ficou impossibilitado de transferir seus conhecimentos em mídias impressas.
Enquanto os portugueses desembarcaram e ocuparam uma parte da América, Os espanhóis desembarcaram e ocuparam outra parte da América, e dizimaram antigas
civilizações com conhecimentos seculares. O Novo Mundo foi dividido pelos dois ocupantes da península Ibérica. Cada qual com suas estratégias de ocupação e subtração.
Outros minerais ganharam importância no mundo moderno. Água e petróleo, produtos importantes em escalas de navios e aviões. Frotas internacionais reabastecem seus meios de transporte, e transportam animais e vegetais, produzidos em solo brasileiro com critérios e técnicas ditadas pelo Velho Mundo. O caso do santo do pau oco, agora camuflando uma exploração e subtração da água. Enormes quantidades do líquido precioso são usadas para produzir animais e vegetais para exportação, e outras tantas quantidade de petróleo no transporte da produção do campo para portos e aeroportos.
Entre Natal e Parnamirim/RN ─ 08/06/2014
Texto produzido para: Jornal Metropolitano – Parnamirim/RN
Palavras Chaves: gestão; qualidade; conhecimento
Palabras Clave: gestión; la calidad; el conocimiento
Key Words: management; quality; knowledge
CMEC/FUNCARTE Cadastro Municipal de Entidades Culturais da Fundação Cultural Capitania das Artes Natal/RN
Roberto Cardoso