Casamento X Biblia
Não sou uma pessoa religiosa. Nunca estudei uma religião a fundo para me considerar parte dela. Para mim, existe uma espécie de justiça suprema, como se fosse uma lei universal que não compreendemos ainda, mas não me agrada chamar de Deus por não acreditar nos contos bíblicos.
Certa vez comecei a ler um livro sobre casamentos, sobre como casais inteligentes crescem, enriquecem e evoluem juntos e quais atitudes evitar para que o casamento dê certo. Afinal, quem é casado sabe, amor não é tudo. Desnecessário dizer que quando percebi que o livro foi escrito por um casal que seguia o evangélio a risca, e citava diversas passagens bíblicas como argumento, foi um teste a minha paciência, mas topei o desafio para aprender mais e conhecer outro ponto de vista.
Para quem não conhece, a bíblia fala muito sobre a submissão da mulher perante ao homem no casamento, sobre como ele é a cabeça da relação, e como a mulher deve respeitar sua virilidade, suas necessidades e suas decisões, como se o motivo do matrimônio para a mulher fosse ser feliz por satisfazer a felicidade dele. Este por sua vez, deve amar sua esposa assim como ama a si próprio para fazer dela sua segunda maior preocupação na tomada de decisões, após o amor e os ensinamentos do Senhor.
Para as mais modernas essa idéia de submissão já a fez parar de ler esse artigo como se estivesse a ler algo ultrapassado, mas permita-me dizer-lhe o contrário, se os dois estiverem comprometidos com esse raciocínio, essa pode sim ser a chave para um casamento feliz.
Quando aceitamos um pedido de casamento, em teoria confiamos no outro coma própria vida, pois sem confiança não se pode haver respeito e amor. Se a mulher acredita verdadeiramente no amor dele por ela, é natural pensar que ele faria de tudo por ela, para fazê-la feliz, e se ele a ama é natural que vá levar suas opiniões e necessidades em consideração na hora de tomar as decisões. Assim sendo, qual o problema dela em aceitar as decisões dele, se estas irão ser melhor para ela?
Compreendo que hoje cada um de nós é perfeitamente capaz de saber o que é melhor para si, e que tenha uma opinião formada sobre o que é melhor para o casal, mas dai entra o segredo para um relacionamento próspero: a comunicação.
Vamos supor que ela queira comprar um kit de produtos anti idade de R$500,00. Convenhamos que é um valor elevado, e que podemos fazer muitas coisas com esse valor além de comprar tal cosmético. Se ela realmente acha isso importante, e respeita seu marido, vai consulta-lo antes de comprar, afinal, independente de quem ganha mais dinheiro, a renda é do casal, e ela tem de respeitar o dinheiro que eles suaram tanto para ganhar. Ela vai falar sobre a importância do produto, e vão levar em consideração todas as despesas que têm e verificar se tem condição de arcar com o custo. Ele não irá concordar, irá questionar se não há outro mais barato, e para quando ela precisa disso, e por mais que não entenda exatamente o porque daquela compra, vai saber que é importante para ela, e por isso vai planejar para que seja comprado.
Se o casal concordar e seguir o que é acordado, não há motivos para discórdia, pois tudo que é conversado, não sai caro. O que não pode, é sair comprando porque se julga merecedor daquilo sem consultar o outro. Isso é falta de respeito com o dinheiro que ambos suaram para ganhar, afinal por mais que um só trabalhe, o outro exerce outras atividades igualmente importantes para o sustento da casa.
O respeito e a comunicação são essenciais, e tem que ser levados a sério.
Se no caso do cosmético ele insistisse que não dá para comprar, então de duas a uma: ou realmente a renda não comporta o gasto e ela ficou cega com o desejo de consumo que não percebeu (e nesse caso basta explicar, colocar tudo na ponta do lápis e verificar) ou ele não entendeu o quanto aquilo é importante para ela e não a colocou em primeiro lugar, e nesse caso precisa conversar sobre o modelo de relacionamento.
Se aceitar a palavra dele como sendo a última, e se ele realmente colocar as necessidades dela em primeiro lugar, a relação fica mais fácil. Até com os filhos, com o pai sendo quem toma as decisões, fica melhor deles entenderem a hierarquia. O casal mantendo a comunicação aberta sobre os assuntos cotidianos, acordando o que fazer, e seguindo o combinado, as crianças entendem que não há como fugir daquilo.
A bíblia pode contestar a ciência em vários momentos, e eu sou adepta a explicações racionais para os eventos do mundo, mas se tem algo que acho que eles acertaram é essa questão do casamento.