Alucinações ou Visões Fantasmagóricas.
Freud dizia que a sexualidade reprimida é a causa maior de todo tipo de neurose. Jung não se deteve a isso! Ele foi mais além do que o seu mestre Freud. Carl Jung se deteve a entender os sonhos como força psicogenética formada coletivamente por uma cultura: os arquétipos. Isso fez com que Freud se afastasse de Jung.
Freud foi o fundador da Psicanálise e se deleitou ao estudar doenças psíquicas como, por exemplo, a histeria. Freud dizia que a religião está ligada como uma das causas desse tipo de doença psicológica, a qual atingia mais as mulheres. Como já sabemos a nossa sociedade é sexualizada, mas altamente deserotizada. E isso já existia bem forte na época de Freud. A segunda doença psicológica que Freud quis estudar foi a Esquizofrenia.
O amor passou a ser força psíquica nos tempos modernos, o que não acontecia em uma sociedade como a da Grécia antiga em que o Amor era, antes de tudo, algo que teria de existir para entender o ethos. Eros era o guardião dos prazeres sexuais e para um grego isso era indispensável como forma de entender uma sociedade erotizada.
Freud não estava interessado muito sobre as questões dos sonhos, uma vez que ele queria entender as patologias psíquicas que atormentavam a mente de seus pacientes causada pela repressão sexual , provocando a falta de libido. Jung ficou na interpretação dos sonhos, mas não descartou as doenças psíquicas como uma das causas de certas manifestações arquetípicas. Jung viu a mitologia como sendo a expressão do inconsciente coletivo. Quando as histórias, imagens, ou símbolos aparecem de forma semelhante, mas em diferentes culturas, ele os chama de arquétipo. Estes representam uma herança comum de diferentes antepassados de culturas diferentes.
Freud e Jung leram Platão, mas Jung levou em consideração a filosofia platônica para estudar mais os arquétipos, uma vez que Arquétipo é um conceito tipicamente neoplatônico. Segunda a concepção, há um universo perfeito e imutável, povoado por um Imaginário. Através da influência exercida por este pensamento, a expressão arquétipo alcançou o Cristianismo filosófico, e logo foi adotado por Agostinho. Na psicologia analítica, criada por Carl Gustav Jung, este conceito se refere às imagens primitivas inseridas no inconsciente coletivo desde os primórdios do ser humano; os arquétipos estão, portanto, nos bastidores de todos os nossos pensamentos, sentimentos, emoções, intuições, sensações e atitudes.
Várias pessoas tiveram, ao longo da nossa cultura ocidental, visões de anjos, demônios, Maria, Jesus, etc. De fato, essas alucinações eram mais comuns nos antigos que moravam na região da atual Palestina. Vários profetas andavam pelo deserto e sob privações dos sentidos, fome e sob ansiedade constante causada pela opressão da política romana, tinham lá suas visões bastante opressoras e, para eles, bem reais. Com isso tinham visões fantasmagóricas de anjos, demônios e de tudo que o inconsciente pudesse projetar.
A Paralisia do Sono é uma manifestação de nosso inconsciente mais comum em nossa sociedade atual. O sujeito entra em um estado de transe durante o sono, ficando paralisado por alguns minutos. Com isso, ele passa a enxergar uma espécie de névoa com olhos. Esses mesmo olhos são os mesmo olhos do sujeito em transe projetados pela sua própria mente. Muitas pessoas sem conhecimento dessa tipo de alucinação, tomam como vívida.
CONHECI uma moça que me dizia que via o seu falecido pai, à noite. Eu como sempre amei Jung e gosto muito de Psicologia, saquei quando ela me disse que o pai dela "falava". Ela não tinha conhecimento nenhum de Psicologia e não era acostumada a ler. Tomava essas visões bem vívidas e repetitivas. Comecei a explicar a ela que quem falou não foi o pai dela e muito menos a visão que ela teve era o pai dela. O que acontece: o inconsciente retém todo tipo de neurose que não se expressa. Muitas das neuroses formam e projetam visões fantasmagóricas derivadas da construção da imagem de quem convivíamos. A mente projeta a visão, ou a alucinação (patológica ou não), e passa a falar porque as expressões, em forma de neuroses, casam com a visão. Normalmente, o que a entidade "fala" é o que sabíamos conscientemente, mas que não se expressava.
No livro “O Mundo Assombrado Pelos Demônios”, Carl Sagan escreve um capítulo sobre Alucinações. Na página 128, ele escreve:
“Essas alucinações podem ocorrer com pessoas perfeitamente normais em circunstâncias perfeitamente comuns. Elas também podem ser provocadas: pela fogueira de um acampamento à noite, por estresse emocional, por ataques epilépticos, enxaquecas ou febre alta, por jejum prolongado, insônia ou privações dos sentidos (por exemplo, em reclusão solitária), ou por meio de alucinógenos como LSD, Psilocibin, mescalina ou haxixe. Existem também moléculas, como as fenotiazinas (torazina, por exemplo), que fazem as alucinações desaparecer. É muito provável que o corpo gere substâncias – talvez inclusive as pequenas proteínas do cérebro semelhantes à morfina chamadas endorfina - que causam alucinações vívidas ao enfrentar situações de isolamento e solidão incomum”.
Na página 133, Carl Sagan ainda escreve: “Devemos imaginar dois grupos diferentes de crianças – as que veem seres terrestres imaginários e as que veem extraterrestres genuínos? Não será mais razoável supor que ambos os grupos estejam vendo a mesma coisa ou experimentando alucinações parecidas?”.
O leitor percebe agora que há diversos estudos sobre alucinações que o senso comum aprova como verdadeiras e vívidas mas que, na verdade, são falsas? Quantos são os religiosos fanáticos que levam em consideração tais visões como avisos de entes Divinos que chegam a lhes dar avisos? Além de existir diversas fraudes que mostram visões fantasmagóricas como dignas de veracidade científica feita pela própria pseudociência. Vários povos de diferentes tipos de culturas construíram uma civilização baseada em vários tipos de arquétipos. Isso é notável quando vamos à Índia e vemos uma riqueza estética nos templos e nas ruas. Os mais belos templos e estátuas de deuses antigos daquele povo.