Nietzsche e a Crítica à Modernidade.
Nietzsche e a Crítica à Modernidade.
Nietzsche não foi o único filósofo a criticar o Cristianismo. Feuerbach, Marx e Engels criticaram. Para Feuerbach, Deus foi criado pelo homem para se ter as mesmas características Dele: onipresença, imortalidade, etc. Ora, Nietzsche não estava na mesma crítica que Feuerbach, uma vez que a relação entre mundo aparente e mundo Real, na modernidade, perde o sentido. Não há mais a discussão entre esses dois mundos, portanto "Deus está morto".
Marx não filosofa como Feuerbach e Nietzsche, uma vez que ele estava interessado, principalmente, nas relações de mercado e nas lutas de classes. Mas Marx fez uma crítica, também, ao Cristianismo quando disse que ele, o Cristianismo, é ópio do povo e que Deus foi criado pelo próprio homem como uma forma de dominação social; Carl Marx vai mostrar a relação sujeito-objetivo como algo invertido no sentido de que o homem passou a ser o objeto das mercadorias, as quais passaram a ser o sujeito.
Nietzsche e o Romantismo: há traços da filosofia nietzschiana que se aproximam do Romantismo, como por exemplo: o além do homem e a "transvalorização de todos os valores" da cultura cristã pelos valores dos antigos helenos; o Romantismo é caracterizado por uma atitude de comportamento psicológico e moral. Nietzsche é bastante crítico à História da Filosofia. Ele faz uma crítica explosiva não só ao Cristianismo, mas ao modelo racional de Sócrates, à razão do Iluminismo, à Música Wagneriana, à moral kantiana dentre outras.
A crítica ao Cristianismo é a mais forte. Para o filósofo alemão, o Cristianismo (surgido principalmente após o fim do Império Romano, com a "má-nova" de Paulo) trouxe problemas para a modernidade; a industrialização, o Cristianismo e a Racionalidade trouxeram a forma mais eficaz de decadência para o homem moderno, aprisionando-o aos interesses alheios que matam toda forma de instinto.
A falta de sentido na vida por conta do apego às mercadorias é, para Nietzsche, uma forma de niilismo, ou seja, a desvalorização da realidade, dos instintos, em nome das mercadorias que prometeriam resgatar a liberdade em nome de valores elevados. Nietzsche valoriza os pré-socráticos, pois nunca perderam os seus instintos e sempre estavam filosofando sob uma cosmologia. A Tragédia veio com Sócrates e após Sócrates ela foi se elevando. A relação que Dionísio tinha com Apolo foi separada, passando a vida a ser não mais como uma obra de arte, mas uma forma eficaz de fracasso diante de uma racionalidade socrática e diante da moral cristã que mataram os instintos que mantinham a vida como arte.
Na música de Richard Wagner encontra-se o deus Dionísio. O espírito dionisíaco sobreviveu na música alemã: ele manifesta-se no drama wagneriano. Para Nietzsche, Wagner representava a cultura ocidental. Com um tempo, Nietzsche afastou-se do músico alemão por conta da embriaguez da música e do anti-semitismo wagneriano. A música wagneriana passou a dar as mãos ao niilismo e aos valores imbuídos no Cristianismo.
Nietzsche afastou-se do Romantismo e criticou, até mesmo, a teoria da Evolução, pois, para ele, as espécies não crescem para uma perfeição, uma vez que os fracos sempre voltam para derrotar os fortes; a Modernidade, para Nietzsche, caminha para o fracasso. Mantém-se cativa pela racionalidade, abandonando qualquer possibilidade de valorização aos instintos mais naturais do ser humano. A Tragédia vai perdurar na modernidade e isso será a forma mais doente de vida para as futuras gerações.
"Ubermench", ou além do homem, é um modelo de superação. O além do homem que rompe com o niilismo. O "Ubermench" não segue nenhuma moral pré-estabelecida, o Eterno Retorno e entende que cada instante deve ser vivido e superado. A superação que não se embriaga com o vinho e nem se submete à moral cristã fadada aos fracos e ao fracasso.
A estética, nas obras nietzschianas, mostram aforismos e metáforas bem relacionados com a própria Literatura. Uma escrita bastante crítica, de forma figurada, em obras como "O Crepúsculo dos Ídolos" e "A Gaia da Ciência". Em "Assim Falou Zaratustra", Nietzsche busca uma literatura rica em figuras de linguagens para representar, de certo modo, a sua fisiologia e a sua insatisfação para com valores supérfluos da sociedade.
Nietzsche montou um cenário moderno bem doente. Os frankfurtianos viram em Nietzsche um contribuinte para elaborar uma crítica à dominação da sociedade pelos meios de produção no começo do século XX. Mas é bom destacar Heidegger antes de passar pela Escola de Frankfurt.
Heidegger viu em Nietzsche alguém que não rompeu de vez com a metafísica tradicional. Heidegger criticou a metafísica tradicional platônica-cartesiana e montou um novo modelo de metafísica: a Metafísica da Subjetividade. O que seria essa nova metafísica? É a uma nova relação sujeito-objeto que colocou o objeto como sendo um modelo de homem manipulado pelos meios tecnológicos de produção. A racionalidade que Nietzsche criticou inaugurou, no começo do século XX, a subserviência do homem (objeto) à Ciência e aos avanços da tecnologia (sujeito).
Para Heidegger a linguagem traria um modo simples de voltar ao próprio ser enquanto ser. Ou seja: o uso da linguagem faria com que o homem deixasse de lado a manipulação vigente para poder conhecer a si mesmo. Deixar a própria linguagem falar aos nossos instintos ao invés de ver o mundo de forma artificial. A Escola de Frankfurt agiu como Heidegger diante da modernidade. Mas os frankfurtianos eram contra a ideia heideggeriana no que diz respeito ao uso da linguagem, pois assim estaria escapando da noção de sujeito, o qual dá suporte para criticar e entender o papel do sujeito diante dos causadores de sua manipulação.
O homem moderno deixou de lado os grandes questionamentos da vida, a volta ao ser, o viver com os verdadeiros instintos para ser um sérvio das relações e divisões de trabalho. Só vejo uma luz no fim do túnel a partir do momento que abrir a mente e passar a fazer breves reflexões filosóficas para sair dessa condição de servidão moderna, passando a viver como gostaríamos e não viver apenas por satisfação e sobrevivência. Pense bem, caro leitor: você está vivendo ou está apenas abrindo mão de sua liberdade em nome de entes metafísicos religiosos? Está vivendo ou está desperdiçando a vida apenas para ganhar dinheiro?