A manifestação da elite motorizada.

Buscando informações na história recente (até a década 1980), descobrimos que grupos carnavalescos eram formados em Natal/RN, para atender claramente, especificamente, e exclusivamente a grupos autodenominados como de Elite. Criaram blocos de elite a ponto de Natal ser o terceiro maior carnaval do Brasil. Grupos desfilavam com fantasias elegantes e padronizadas (provavelmente para identificar não participantes do grupo de elite). Seguiam por ruas e avenidas atrás de um carroção puxado por um trator promovendo assaltos, farras e fanfarras.

Em um tempo que veículos eram mais raros nas ruas, as elites alugavam ônibus para transportar foliões de um lado para outro na cidade. Foliões na pista e nas calçadas, e foliões que viajavam espremidos dentro de um ônibus tiveram prazeres e desprazeres de pular o carnaval aqui e ali, como também serem atores no sinistro conhecido como: “Tragédia do Baldo,” em 1984, quando os feridos e desfalecidos, ainda podiam chegar ao hospital para serem atendidos.

Assalto é uma terminologia de uso jurídico e militar. Foi usado outrora como denominação dos atos de foliões entrando nas casas de amigos, para comer e beber, dançar ao som de bandas contratadas. Hoje comércios e casas são tomados de assalto pela surpresa do infortúnio.

Agora manifestantes bloquearam as pontes que ligam o lado norte e o lado sul. A Zona Norte e a Zona Sul da cidade, o lado nobre e o lado que não pertence à nobreza. A nova ponte estaiada e iluminada, a dos ricos. E a antiga ponte enferrujada e apagada, a dos pobres. A ponte de quem passa de carro e a ponte de que precisa usar transporte coletivo, depois de atravessar a cidade. Enquanto uma ponte liga Santos Reis à Redinha, a outra liga o Nordeste ao gancho de Igapó.

A ponte nova proporciona uma vista para o infinito com o mar e a linha do horizonte; uma vista para o rio adentrando o continente. A ponte velha convive com um velho trem tartarugando ao lado, em raros momentos do dia, daí não poder ser utilizado como alternativa coletiva de transporte.

Muita critica, aos bloqueios das pontes ontem na cidade de Natal. O lado norte perdeu o contato com o lado sul ontem (29/04/14), na cidade do Natal. Muitos criticaram os manifestantes, que coibiram seus direitos de ir e vir. E muitas acusações aos grupos de manifestantes que de alguma maneira contribuíram ou influenciaram no bloqueio das pontes. Segmentos classistas ou segmentos badernistas.

No entanto uma manifestação diária acontece em uma esquina. A esquina com principal shopping da cidade, sem que grupos críticos argumentem ou falem a respeito. Todos os dias no final da tarde, e no início da noite. Solitários motoristas manifestamse, e tentam a todo custo cruzar as avenidas que formam as vias na esquina do maior shopping da cidade. Travam o transito parando sobre as faixas de pedestres e a interseção das vias, com sinais indicativos que não deve ser bloqueada.

No meio do caminho tinha um shopping, tinha um shopping no meio do caminho. Enquanto uma maioria de motoristas com carros particulares de uso restrito e individual

tenta atravessar o cruzamento, uma minoria sai com seus carros do shopping com acessibilidade climática, depois de usar e abusar de seus dinheiros de plástico. Não se sabe se comprando roupas de marcas, equipamentos elétricos e eletrônicos, ou simplesmente esperando o tempo passar. Talvez lanchando na praça de alimentação com fast foods para quem não tem pressa de voltar para casa. Ou ainda um hapy hours em restaurantes com grifes gastronômicas.

Este volume excessivo de caros particulares com maiorias e minorias bloqueia e congestiona diariamente o cruzamento, impedindo e atrapalhando aqueles que estão espremidos e comprimidos dentro de coletivos, um ônibus sem conforto, em pé, disputando um canto, e sem uma brisa circulante.

Enquanto um congestionamento acontece um grupo de farda amarela e com apitos observam o caos urbano e não procuram facilitar a vida daqueles que andam a pé pelas calçadas, correndo o risco se serem atropelados por motos que utilizam o passeio publico como extensão das avenidas, fugindo dos que tem quatro rodas. Colocam a vida de transeuntes, pedestres e moradores das avenidas em risco, portando-se como cavaleiros em montarias e donos das calçadas.

Entre Natal e Parnamirim/RN ─ 30/04/2014 Texto escrito para: Blogs

Roberto Cardoso (Maracajá)
Enviado por Roberto Cardoso (Maracajá) em 28/09/2015
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