Falsa independência!
Quando chega o dia 7 de setembro, o Brasil inteiro – com exceções – se une para celebrar uma falsa independência. Não vou dizer muito com minhas palavras. Prefiro transcrever, neste caso, um pouco do que dizem historiadores, para que o que eu escrevo tenha mais força, se for possível, sobre as consciências. Vejamos:
“Nossa independência resultou mais de um acordo entre as elites dominantes, que estavam interessadas em manter a mesma estrutura colonial e agrária do Brasil... a participação popular foi pequena, pois a maioria esmagadora da população, que vivia no campo, viu, indiferente, o poder mudar de mão e sua situação de penúria continuar a mesma... Fizemos a independência política, mas preferiu-se a forma política da monarquia, para que a aristocracia rural continuasse com seus velhos privilégios. A independência foi feita, mas continuamos dependentes economicamente da Inglaterra. E, claro, os interesses da classe dominante permaneceram intocáveis.” (História do Mundo Ocidental: ensino médio, 2005, p. 280)
“A independência brasileira não modificou em nada as condições sociais e econômicas existentes no Brasil. Limitou-se, essencialmente, ao plano político-administrativo... A grande massa do povo, por sua vez, permaneceu sofrendo as injustiças da exploração social. A escravidão dos negros... foi plenamente mantida. O Brasil ‘independente’ não conquistou o estado da autêntica libertação nacional. Saiu dos laços coloniais portugueses para cair na dominação capitalista da Inglaterra.” (História do Brasil: para uma geração consciente, 1992, p. 150; um livro de Gilberto Cotrim e Álvaro Duarte de Alencar)
As propostas do partido que defendia a independência política, que eram claramente democráticas e a favor do fim da escravidão, além de querer um governo republicano, não conseguiram sair vitoriosas. Se essas propostas tivessem vencido, teríamos razões para celebrar a independência do Brasil. Mas não foi isso o que aconteceu. Vide o primeiro livro citado, de Antônio Pedro, Lizânias de Souza Lima e Yone de Carvalho; Editora FTD.
O que as escolas celebram mesmo? A corrupção? A violência? As drogas? O fim das nossas matas? Onde está o nosso verde? Onde está a saúde pública? Onde está a educação? Onde está a nossa independência? Independência do quê? Eu não participo e jamais participarei dessa falsa independência! Será que estamos em berço esplêndido, e eu não sei? Alguém poderá questionar: por que você se mete a falar de fatos históricos? É simples: porque a filosofia nos prepara para ver a realidade e para mostrar essa realidade a quem não quer ver. Mas, para isso, é preciso fundamentar-se. Foi o que eu fiz e faço. Reflita! Ah! Aquelas roupas do desfile são muito bonitas!