Os Três Níveis da Gratidão
O grande professor Lauand , do curso de árabe e da faculdade de Educação da Usp publicou esse artigo, que faço questão de compartilhar; segundo ele, o Português, com o nosso obrigado , está no nível três, o mais alto da gratidão, ou seja ,vou explicar de acordo com as diversas línguas.
As línguas anglo-saxônicas e germâncias estão no primeiro nível, quando digo Thank you no Inglês ou danke, em alemão, muito semelhante a "think", significa que vou pensar no que fez, vou lembrar do favor e não ser um ingrato. Nas línguas neolatinas, como o Espanhol ou o Italiano, temos "gracias' e "grazie"; ou seja, vou lembrar do que fez e vou louvá-lo; o mesmo se dá no árabe com "Salam"; quer dizer, não vou ser um mal agradecido; já o Português ( e o japonês, por causa do arigatô, supostamente originado do obrigado), está no terceiro nível da gratidão e por quê? Você vai lembrar do favor, vai louvar seu beneficiário e, ainda, fica OBRIGADO a retribuir o favor recebido. A linguagem tem toda uma razão de ser; por isso quando falamos "valeu", fazendo um sinal positivo, todo esse cilco ficará perdido, porém não deixa de ser uma evolução na dinãmica da língua , que é viva e feita pelos falantes, não pelos gramáticos.
O mundo moderno, com a sua dinâmica, permite pouco espaço para a gratidão, porém ela é mais do que necessária nas nossas relações humanas, lembrarmos de agradecer, não só a alguém, mas pela vida, com todas as suas vicissitudes; não é apenas o caso de olhar para trás e ver que existem muitos piores que você e nem o conformismo que estaciona o indivíduo numa posição confortável, porém nunca estar feliz com o que se tem e o que se é também é problemático; é natural do ser humano nunca estar satisfeito com o que tem; exemplificando: se tem uma casa , quer uma maior, embora seja feliz nessa; no dia em que tiver uma mansão no Morumbi, desejará uma em Paris e, assim por diante; se por um lado impulsiona o indivíduo para frente, também causa angústia, inveja, sentimentos naturais do ser humano, mas que, se descontrolados, tornarão o ser infeliz.
Vale lembrar que tudo tem dois lados; ninguém, nem o maior milionário do mundo é completamente feliz, muito pelo contrário; os problemas aumentam na proporção em que se sobe na escala social, o que não significa, absolutamente, ser superior em todos os sentidos; há a eterna lei da compensação: muito de algo, significa pouco de outro , que talvez seja o essencial e não lhe damos o verdadeiro valor.