Nossas crianças
Muito se tem falado sobre a educação de nossas crianças. Tenho sempre em mente a imagem de meus pais, diante de alguma traquinagem. Bastava um olhar e pronto: era o suficiente para por fim na peraltice do mais levado. Bons tempos aqueles, em que os pais tinham o controle sobre seus filhos. E aqui não me refiro, absolutamente, ao pleno domínio de tudo o que os filhos faziam. Existia sim, liberdade suficiente para dizer e fazer as coisas tranquilamente. Mas de uma forma ordeira, dentro de uma disciplina preestabelecida, sempre tendo como exemplo seus conselhos e suas atitudes, impregnados de sabedoria e principalmente, amor. Era uma forma de mostrar aos filhos que o respeito cabia em qualquer lugar, em qualquer ocasião. Eis aí o maior legado que recebemos de nossos pais. Um respeito que com o passar do tempo, caiu no esquecimento. Foi lentamente engolido pelos ventos da modernidade. De um singelo “boa noite, mamãe” ou de um carinhoso “à sua bênção, papai”, tudo ficou no passado. Infelizmente, vejo com tristeza que aqueles costumes simples, inocentes até, não existem mais. Muitos pais, que apesar de terem recebido uma educação esmerada baseada nos conceitos primordiais da família, hoje se tornam reféns dos próprios filhos. Desde a idade mais tenra, deixam os pequenos tomarem suas próprias decisões, aceitando passivamente todo tipo de desejos e manias, estimulando neles uma falsa mentalidade de poder e autonomia. A falta de diálogo deixa os filhos inseguros e eles acabam buscando outras formas para externar suas carências. Jovens com um futuro brilhante pela frente, perdem a saúde e a vida para os vícios dos mais variados. E aos poucos destroem toda uma família, trazendo para dentro de seus lares o desespero e a infelicidade.
Atualmente, as crianças e adolescentes estão expostas a todo tipo de programação da mídia, seja nas emissoras de TV aberta, canal pago ou na Internet. Eis aí, as maiores destruidoras de lares de nossa sociedade. Sem um monitoramento adequado, nossas crianças se tornam presas indefesas nas mãos dos mal-intencionados. Com apenas alguns cliques se escancara (sem qualquer tipo de censura prévia) diante dos olhos inexperientes e curiosos uma infinidade de perversidades, que dizimam totalmente os conceitos familiares. E o que dizer aos pequenos, que são bombardeados a todo o momento com as mais variadas formas de comportamento? Que nem sempre estão amparados na moral cristã, na preservação da família, célula mater de nossa sociedade? Com certeza, não é uma tarefa fácil. Algo está errado. Valores estão sendo ignorados.
A responsabilidade dos pais numa época em que a tecnologia impõe suas regras é duplamente exigida: orientar seus filhos, no sentido de encontrar um equilíbrio entre a liberdade individual e o respeito a determinadas normas e conduzi-los com sabedoria pelos caminhos tortuosos da modernidade. Dessa forma, estaremos fazendo a parte que nos cabe na formação de novas gerações. Ignorar o perigo iminente, jamais. Mas essa definitivamente, não é uma missão das mais fáceis.