Violência e paz

Sem paz, é impossível que as pessoas sejam ao menos um pouco felizes, porque a falta de paz nos põe em inquietação constante. Podemos constatar isto quando vemos notícias sobre os conflitos no Oriente Médio, atentados terroristas e criminalidade. Pessoa nenhuma pode ser feliz se convive diariamente com tiroteios ou sob o constante risco de ser assaltada e até assassinada. Qualquer ato de violência é um desrespeito não apenas à vida ou integridade física, mas também à liberdade e á dignidade de qualquer ser humano. Quem sofre um ato violento se sente vulnerável e impotente perante quem atenta contra seus direitos.

Refletir sobre as causas da falta de paz no mundo não é fácil, visto que qualquer tentativa de explicar o que ocasiona a violência corre o risco de se tornar generalizada ou demasiadamente simplista. Quando pensamos sobre o que pode levar à violência em um lugar, sempre temos de considerar os seus fatores históricos, territoriais, políticos, sociais e culturais, tendo o cuidado de lembrar que cada lugar é diferente um do outro. As motivações de um grupo localizado em uma região não são as mesmas de outro grupo situado em local diverso.

Porém, é possível determinar alguns fatores comuns que são passíveis de gerar episódios de violência:preconceitos, injustiça social, desejo de supremacia, falta de respeito pelos direitos de outrem, etc.

O racismo levou ao massacre de grupos indígenas; à escravidão dos negros e, no caso dos Estados Unidos, a perseguições e linchamentos por grupos como a Ku Klux klan, aos extermínios de armênios, judeus, ciganos e outras etnias. O desejo de supremacia pode ser observado nos horrendos casos de perseguição religiosa perpetrados pela Santa Inquisição, nos conflitos na faixa de Gaza e atentados terroristas, em que a religião e a fé são usadas para justificar verdadeiros morticínios.

Além de todos estes exemplos, há muitos mais que merecem atenção e análise para que se entenda, ainda que superficialmente, o que leva os seres humanos a se matarem estupidamente em vez de tentar conviver em paz. Talvez não se possa eliminar a violência porque, embora não gostemos de admitir, ela é inerente à natureza humana. Ninguém está livre de sentir raiva a ponto de agir ou reagir violentamente perante uma determinada circunstância. Devemos ter consciência disto para exercitar o respeito a todos os seres humanos e o entendimento de que diferenças étnicas, sociais ou culturais não significam superioridade ou inferioridade de nenhuma espécie e de que, se somos diferentes uns dos outros em alguns aspectos, somos iguais nos deveres de nos respeitar e não impor nossos interesses sobre as demais pessoas e no direito de não sofrer violências.